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Diagnóstico fechado
É consenso que o setor privado precisa investir mais em inovação, mas novo salto depende de indução do Estado
A REALIZAÇÃO do 3º Congresso de Inovação na
Indústria pela Confederação Nacional da
Indústria, que também patrocina o Movimento Empresarial
pela Inovação, demonstra que
pesquisa e desenvolvimento
(P&D) entraram para o rol de
prioridades do setor. Empresas
privadas brasileiras investem
pouco em inovação, o que enfraquece um elo
decisivo na cadeia da competitividade.
Vários outros
países pelejam
para aumentar
o investimento
em inovação como parcela do
PIB e a fatia do
setor privado
nessa conta.
Segundo Jean
Guinet, economista da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico,
apresenta grande inércia a correlação entre níveis baixos de PIB
per capita, gasto em P&D e envolvimento privado em inovação. O Brasil é um caso de manual. Mesmo a meta modesta de
elevar o investimento para 1,5%
do PIB em 2010, com 0,65% de
participação privada, ainda é encarada com ceticismo.
Entre as nações que escaparam desse círculo vicioso estão
Finlândia e Coreia do Sul; não
por acaso, dois países que desde
cedo investiram na qualidade da
educação pública. Sem uma massa de trabalhadores qualificados,
empresas encontram dificuldade para adotar uma cultura de
inovação permanente.
Além disso, as empresas precisam enxergar a inovação como
necessidade econômica e oportunidade. Nesse campo, o papel
indutor do Estado pode ser decisivo, como fez a Coreia em décadas passadas -hoje, 76% do investimento sul-coreano em inovação ocorre nas empresas.
Esgotou-se o modelo de concentrar investimento de P&D
em gigantes estatais. Em busca
de disseminar a
inovação no setor privado, o
governo deu
passos importantes, por
exemplo na Lei
de Inovação, de
2004. Ainda são
poucas, porém,
as empresas que
lançam mão de
novos incentivos: 320 em
2007, segundo o
jornal "Valor".
Especialistas
em política de
inovação convergem para a
ideia de que a saída está na utilização do poder de compra do Estado. Ou seja, dar preferência a
produtos desenvolvidos no país,
inclusive por empresas estrangeiras, sob a condição de realizarem atividades de P&D no Brasil.
A proposta vai na direção correta. É preciso cautela, contudo,
para não criar becos sem saída,
como a reserva de mercado para
informática dos anos 1980, e não
suscitar contenciosos na Organização Mundial do Comércio.
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