São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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CLÓVIS ROSSI

O futuro é o piloto automático

SÃO PAULO - Se o editorial de ontem desta Folha diz que a pesquisa publicada no mesmo dia é o "atestado de óbito" da campanha Serra, só resta agora começar a adivinhar os contornos do governo de Dilma Vana Rousseff, 67 anos a completar 17 dias antes da posse.
Aliás, esta semana começaram a pipocar aqui e ali algumas avaliações nessa direção, quase sempre preocupadas.
Quem não gosta dos rumos do governo Lula -e é a minoria- tem mesmo razão para se preocupar.
A lógica mais elementar indica que o governo Dilma, pelo menos nos seus primeiros meses, talvez anos, ligará o piloto automático e deixará correr as coisas como estão correndo.
O piloto automático será ainda mais automático na economia. Está óbvio para quem acompanha a campanha, mesmo à distância, que Antonio Palocci é o nome para essa área, venha ou não a ser ministro de qualquer pasta.
Palocci, se alguém se esqueceu, foi o grande mentor da política econômica do governo Lula, focada na estabilidade e na ortodoxia. Nada tinha de petismo. Cansei, aliás, de ser procurado por petistas da velha guarda, não necessariamente os radicais, que queriam reclamar de Palocci. Nem quando Palocci caiu, no episódio do caseiro, houve mudança de rumo.
Se o, digamos, lulo-paloccismo superou até o período de baixo crescimento dos primeiros anos, qual seria a razão para mudar o rumo agora que o crescimento é mais elevado -e a popularidade do governo vai atrás?
Só haverá algum risco de turbulência no caso de crise externa com repercussões internas. Afinal, Lula pode ser tudo o que você quiser, mas ninguém o considera um ideólogo, menos ainda na economia.
Já Dilma é economista e pode querer buscar saídas não-ortodoxas, colidindo com o paloccismo, que é quintessência da ortodoxia.

crossi@uol.com.br


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