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CLÓVIS ROSSI
O futuro é o piloto automático
SÃO PAULO - Se o editorial de ontem desta Folha diz que a pesquisa
publicada no mesmo dia é o "atestado de óbito" da campanha Serra,
só resta agora começar a adivinhar
os contornos do governo de Dilma
Vana Rousseff, 67 anos a completar
17 dias antes da posse.
Aliás, esta semana começaram a
pipocar aqui e ali algumas avaliações nessa direção, quase sempre
preocupadas.
Quem não gosta dos rumos do
governo Lula -e é a minoria- tem
mesmo razão para se preocupar.
A lógica mais elementar indica
que o governo Dilma, pelo menos
nos seus primeiros meses, talvez
anos, ligará o piloto automático e
deixará correr as coisas como estão
correndo.
O piloto automático será ainda
mais automático na economia. Está
óbvio para quem acompanha a
campanha, mesmo à distância, que
Antonio Palocci é o nome para essa
área, venha ou não a ser ministro
de qualquer pasta.
Palocci, se alguém se esqueceu,
foi o grande mentor da política econômica do governo Lula, focada na
estabilidade e na ortodoxia. Nada
tinha de petismo. Cansei, aliás, de
ser procurado por petistas da velha
guarda, não necessariamente os radicais, que queriam reclamar de Palocci. Nem quando Palocci caiu, no
episódio do caseiro, houve mudança de rumo.
Se o, digamos, lulo-paloccismo
superou até o período de baixo
crescimento dos primeiros anos,
qual seria a razão para mudar o rumo agora que o crescimento é mais
elevado -e a popularidade do governo vai atrás?
Só haverá algum risco de turbulência no caso de crise externa com
repercussões internas. Afinal, Lula
pode ser tudo o que você quiser,
mas ninguém o considera um ideólogo, menos ainda na economia.
Já Dilma é economista e pode
querer buscar saídas não-ortodoxas, colidindo com o paloccismo,
que é quintessência da ortodoxia.
crossi@uol.com.br
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