São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Pensando o impensável

SÃO PAULO - Permita-me o leitor voltar ao trecho final do texto publicado quarta-feira neste espaço, no dia seguinte ao início do tiroteio de José Serra contra o PT.
Dizia (ou escrevia): "O eleitor é que vai decidir se aplaude ou se condena a reação de Serra, o que só ficará claro no Datafolha do fim de semana, já que o Ibope de ontem (terça-feira) não captou esse momento, talvez decisivo, da campanha".
Pois bem: o Datafolha que este jornal publica hoje mostra que o eleitor está condenando Serra e que Luiz Inácio Lula da Silva passeia garbosamente o seu novo revestimento ("teflon"), no qual resvala, mas não gruda nenhum torpedo.
Não quer dizer, é óbvio, que Lula vá liquidar o jogo já no primeiro turno, embora esteja muito perto. Nem quer dizer que Lula ganhará no segundo turno. Pesquisa, é sempre bom repetir, é o instantâneo de um momento, não o fim da história.
De todo modo, fala-se cada vez mais abertamente no que era impensável até duas semanas atrás. Quem, honestamente, poderia imaginar que a hipótese de vitória de Lula no primeiro turno seria servida como prato de discussão em todos os botecos a apenas 15 dias da votação?
A consequência desse cenário é óbvia: a guerra nas duas semanas finais será total e certamente cruenta, ainda mais se se considerar que Anthony Garotinho ainda está no jogo.
Antes mesmo dos números agora divulgados por esta Folha, o raciocínio que se ouvia no "serrismo" era o de que qualquer ataque estava de antemão justificado pelo argumento de que se tratava do tudo ou nada.
Como deu "nada" (Lula subiu, Serra oscilou para baixo e Garotinho, para cima), não é difícil imaginar o "tudo" que virá. Inclusive do lado do PT, que há de querer o alento final para liquidar a partida no dia 6.


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