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FERNANDO RODRIGUES
Lula e a mídia regional
BRASÍLIA - É da maior relevância a prioridade que a poderosa Secom
(Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República) diz estar dando
à mídia regional.
O Brasil tem cerca de 3.000 emissoras de rádio e 523 jornais diários. É
possível dizer, sem risco de errar, que
a maioria tem qualidade sofrível. Por
várias razões. No caso dos jornais impressos, existe o obstáculo histórico
do analfabetismo e da falta de hábito
de leitura do brasileiro.
Nos Estados Unidos (292 milhões
de habitantes) há 1.457 jornais, com
uma circulação média diária total de
55,2 milhões de exemplares. No Brasil
(177 milhões de habitantes), os 523
jornais diários têm uma tiragem total de apenas 7 milhões. Os números
dispensam comentários.
O que acontece no Brasil: as pessoas
não lêem porque os jornais são ruins
ou os jornais são ruins porque as pessoas não lêem?
Um pouco das duas coisas. O ponto
central é que não há mercado publicitário forte para dar independência
aos veículos regionais no país. Muitos
jornais e rádios caem na armadilha
de se vender para os governantes locais, divulgando "matérias pagas"
disfarçadas de reportagem.
Segundo o titular da Secom, o ministro Luiz Gushiken, a imensa
maioria desses veículos do interior
não entra no mercado publicitário
também porque não consegue oferecer uma informação básica para seus
anunciantes: a circulação exata, no
caso dos jornais, e uma medição confiável da audiência das rádios.
Gushiken diz estar formulando
uma saída. Estimulará associações
independentes e universidades a pesquisarem e auditarem a mídia regional. Com números confiáveis sobre
tiragem e audiência, os anunciantes
podem se interessar e comprar espaço
publicitário nesses veículos.
É claro que o governo também passaria a despejar anúncios nesses jornais e rádios do interior. Essa é uma
história que fica para depois.
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