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CARLOS HEITOR CONY
O bolo vai crescer
RIO DE JANEIRO - "Prezados participantes da ciranda financeira, preparem-se para ganhar muito dinheiro,
porque a ciranda vai rodar -e muito." No artigo de domingo passado,
Antônio Ermírio de Moraes colocou
esse comercial hipotético na boca do
Banco Central, que recentemente
anunciou nova elevação de juros.
Achando que era pouco, o BC quis
tranqüilizar os especuladores, prometendo mais e melhor, garantindo
uma nova série de aumentos na taxa
de juros, esvaziando dessa forma os
investimentos que criam desenvolvimento e empregos, mas beneficiando
os agiotas internacionais com promessas de "garantir o futuro" por
meio de aumentos seqüenciados.
O maior empresário brasileiro, que
investe no trabalho e desdenha a ciranda promovida pelo governo, admite que os argumentos da equipe
econômica são "sofisticados". Entendi essa sofisticação como coisa de primeiríssimo mundo, mantendo o Brasil como eterno país periférico.
"Eles (os técnicos do BC) procuram
provar que o Brasil não pode crescer,
porque isso instiga a inflação. (...)
Não deixem a economia se aquecer.
Aumentem os juros. Aniquilem os
consumistas. Segurem os produtores". Cito um trecho do texto de Antônio Ermírio de Moraes. E acrescento uma reflexão que andou por aí logo após o governo ter anunciado um
ligeiro alívio na economia nacional.
O consumo da população cresceu
nos últimos meses, em taxas ainda
ridículas, mas provocou ligeiro aumento na produção e nas ofertas de
emprego, mas estando longe de acabar com um dos flagelos que mais estressam a vida do brasileiro comum,
tanto o que está sem emprego como
aquele que teme o desemprego.
Para gerar trabalho, é preciso investir, para investir, os empresários
que priorizam a produção precisam
do crédito com juros decentes, que fazem bem aos três elementos interessados: o governo, a empresa e o empregado. Juros altos são letais para o
Brasil. Mas são fermento para a especulação da ciranda internacional.
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