São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004 |
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ANTONIO DELFIM NETTO Por que aumentar o juro real? Sob mais uma ameaça de terrorismo monetário que insiste nas absurdas proposições de que a taxa de
juro real de equilíbrio do país é de
10%, de que nosso produto potencial é
de 3,5%, de que os "gargalos da infra-estrutura" são insuperáveis e de que as
exportações restringem a oferta interna, o Brasil vai se defendendo como
pode. Não existia, de fato, nenhuma
evidência objetiva que exigisse uma
manobra do Banco Central em setembro. A taxa Swap-DI-360 (que costuma antecipar de mais ou menos um
trimestre as decisões do Banco Central) já havia subido. O que não se sabe
é se ela antecipa, de fato, uma aceleração da inflação ou se reflete também a
"endogamia "BC-Mercado Financeiro" que torna as expectativas de inflação" retroalimentáveis... Temos uma melhoria espetacular na situação brasileira: um dramático aumento do crescimento e uma redução da taxa de inflação combinados com um superávit primário e em conta corrente. Afinal, o que queremos? Esquecemos que o Chile levou 12 anos para reduzir sua taxa de inflação, que a Colômbia levou dez anos e que o México levou nove? Em todos esses países, a redução foi gradual e razoavelmente monotônica (nunca houve retrocesso significativo). Esse certamente não é o nosso caso, no qual a política monetária tem levado a inflação a uma espécie de "passeio ao acaso" (6,0% em 2000, 12,5% em 2002 e 7,3% em 2004), com pífio crescimento. Não terá chegado a hora de, em lugar de apenas repetir e repetir o aumento do juro, repensar o papel das políticas fiscal e monetária e o do Banco Central? Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O bolo vai crescer Próximo Texto: Frases Índice |
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