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CLÓVIS ROSSI
Como se faz uma quadrilha
SÃO PAULO - Oded Grajew, empresário que foi dos primeiros da
espécie a aderir ao lulo-petismo,
bem antes do poder, matou faz tempo a charada do apodrecimento do
PT e, com ele, do governo Lula. Em
depoimento para livro de duas jornalistas inglesas sobre a crise petista (a primeira), Oded lamentou que,
para a cúpula partidária e para o
pessoal do aparato burocrático, a
política tenha se tornado "maneira
de ganhar a vida".
Completou: "Alcançar o poder se
converte no mais importante, e, para isso, as pessoas estão dispostas a
fazer concessões éticas. Em outras
palavras, se desejo estar no poder,
necessito dinheiro, e, se não posso
conseguir os fundos legalmente,
então o farei ilegalmente".
Outro "lulista", aliás o novo coordenador de campanha de Lula,
Marco Aurélio Garcia, por sua vez,
queixou-se, no mesmo livro, de que
trabalhou de graça como secretário
de Relações Internacionais do PT
durante dez anos, ao passo que "um
membro de uma tendência de esquerda [do PT] ganhava R$ 7,2 mil
por mês", mais do que Garcia como
assessor para assuntos internacionais de Lula.
São essas "boquinhas" que fazem
compradores de dossiê ou praticantes de outras delinqüências.
Freud Godoy, mero segurança,
usou o PT (e o governo Lula) como
meio de alpinismo social, a ponto
de morar em um apartamento de
R$ 500 mil. Valdebran Carlos Padilha da Silva, por sua vez, mora em
um condomínio de luxo em Cuiabá.
José Lorenzetti, enfermeiro, virou
diretor de banco federal.
Para manter as "boquinhas", é lógico que fariam de tudo. Assim como as pessoas que assessoram, todas com cargos eletivos.
Para manter o poder, fazem o diabo, contando com o acobertamento
do chefe, que, mesmo quando os demite, acaricia-os depois.
Foi essa cultura que gerou a "quadrilha" antigamente chamada de
Partido dos Trabalhadores.
crossi@uol.com.br
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