São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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O Brasil tem a palavra

NUMA MOVIMENTAÇÃO surpreendente, os EUA deram um passo que pode desembaraçar a Rodada Doha, as negociações globais em torno da liberalização comercial. Caberá agora ao Brasil e a outras lideranças do chamado G20, o grupo de países em desenvolvimento, dar uma resposta à altura, que possa levar a um entendimento.
Os EUA anunciaram que estão dispostos a reduzir seus subsídios agrícolas para uma faixa entre US$ 12,8 bilhões e US$ 16,2 bilhões anuais. É uma mudança de patamar importante. Até aqui, Washington vinha falando em cortar os subsídios para US$ 22 bilhões. Os norte-americanos, entretanto, condicionaram sua oferta a duas contrapartidas.
Eles querem que a União Européia (UE) baixe suas tarifas de importação de bens agrícolas entre 52% e 53,5% e cobram dos grandes países em desenvolvimento -Brasil incluso- uma redução substancial das taxas impostas aos bens industriais.
O primeiro ponto não parece ser um problema. A UE, afinal, já havia concordado em princípio com um corte "superior a 50%". No que diz respeito aos países em desenvolvimento, a situação pode tornar-se um pouco mais difícil. Para ficar perto das exigências americanas, o Brasil precisaria reduzir as tarifas máximas que pode aplicar de uma média de 31% para 11,5%.
O Brasil e o G20 devem agora fazer a sua proposta. Como as tarifas efetivamente praticadas para importação de manufaturas estão abaixo de 13% no Brasil, a indústria local não será sacrificada nas negociações. E a abertura dos mercados agrícolas dos EUA e da UE será bastante positiva para a agricultura brasileira.
O gesto americano, contudo, não significa que um acordo esteja iminente. Há consideráveis pressões políticas contra Doha. No caso dos EUA, qualquer decisão do governo Bush precisará ser sancionada por um Congresso hostil e protecionista.


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