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FERNANDO RODRIGUES
Frágeis e erráticos
BRASíLIA - O retrato perfeito da
atual fase da campanha eleitoral foi
assistido por nordestinos na noite
de segunda-feira, num debate entre
candidatos a presidente da República promovido por emissoras coligadas ao SBT na região.
Estiveram em Recife para o encontro apenas José Serra (PSDB),
Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Dilma Rousseff
não apareceu. Sua ausência potencializou a fragilidade dos três principais candidatos de oposição.
Plínio vestiu seu chapéu de franco atirador. Defendeu a descriminalização da maconha, auditoria
na dívida e o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marina falou sobre desenvolvimento sustentado.
Serra pisou no acelerador do assistencialismo. Voltou a defender
um reajuste do salário mínimo
100% maior do que o sugerido pelo
atual governo. Como é do Nordeste
a maioria dos beneficiários do Bolsa Família, o tucano prometeu um
13º pagamento anual para quem já
recebe o estipêndio.
Num determinado momento,
Serra passou a explicar sua proposta de reforma política, com voto distrital. No auditório em Recife, alguém sussurrou: quantos eleitores
nordestinos ele está ganhando ao
falar sobre esse assunto? Nenhum,
talvez. Ou pior: alguns devem ter
mudado de canal.
A ausência pública de Dilma foi
menos notada do que um outro tema curiosamente deixado de lado:
o tráfico de influência na Casa Civil.
Serra e Marina não pronunciaram a
palavra "Erenice" no evento de segunda-feira. É errático o comportamento dos candidatos de oposição,
sobretudo o do tucano.
Nas suas propagandas, Serra
martela a mais recente encrenca
ética do governo Lula. Quando fala
ao vivo, na TV, o questionamento
evapora. É um sintoma da descoordenação da campanha tucana. Atira a esmo, sem método nem esperança de acertar um alvo. Um comportamento clássico de quem já parece conviver com a derrota.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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