São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Frágeis e erráticos

BRASíLIA - O retrato perfeito da atual fase da campanha eleitoral foi assistido por nordestinos na noite de segunda-feira, num debate entre candidatos a presidente da República promovido por emissoras coligadas ao SBT na região.
Estiveram em Recife para o encontro apenas José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Dilma Rousseff não apareceu. Sua ausência potencializou a fragilidade dos três principais candidatos de oposição.
Plínio vestiu seu chapéu de franco atirador. Defendeu a descriminalização da maconha, auditoria na dívida e o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal. Marina falou sobre desenvolvimento sustentado.
Serra pisou no acelerador do assistencialismo. Voltou a defender um reajuste do salário mínimo 100% maior do que o sugerido pelo atual governo. Como é do Nordeste a maioria dos beneficiários do Bolsa Família, o tucano prometeu um 13º pagamento anual para quem já recebe o estipêndio.
Num determinado momento, Serra passou a explicar sua proposta de reforma política, com voto distrital. No auditório em Recife, alguém sussurrou: quantos eleitores nordestinos ele está ganhando ao falar sobre esse assunto? Nenhum, talvez. Ou pior: alguns devem ter mudado de canal.
A ausência pública de Dilma foi menos notada do que um outro tema curiosamente deixado de lado: o tráfico de influência na Casa Civil. Serra e Marina não pronunciaram a palavra "Erenice" no evento de segunda-feira. É errático o comportamento dos candidatos de oposição, sobretudo o do tucano.
Nas suas propagandas, Serra martela a mais recente encrenca ética do governo Lula. Quando fala ao vivo, na TV, o questionamento evapora. É um sintoma da descoordenação da campanha tucana. Atira a esmo, sem método nem esperança de acertar um alvo. Um comportamento clássico de quem já parece conviver com a derrota.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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