São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Lixo e lentidão

Foi preciso esperar seis anos -perdidos entre dúvidas jurídicas, negociações de preços e rivalidades políticas- para que finalmente as favelas de São Paulo passem a contar com um serviço básico: o da coleta de lixo.
Um contrato firmado em 2004 entre a gestão Marta Suplicy (PT) e duas empresas previa a realização de coletas nas favelas. Suspeitando dos valores envolvidos, José Serra (PSDB) cortou parte dos pagamentos ao assumir a prefeitura.
Posteriormente, um estudo técnico feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) considerou que não havia superfaturamento nos preços originais.
Em 2007, já na gestão Gilberto Kassab, o município concordou em pagar às empresas o montante que lhes recusara. Enquanto isso, os valores do contrato original tiveram de ser reajustados.
Discute-se agora, no plano jurídico, se deve haver reajuste sobre os pagamentos que a prefeitura deixara em atraso. Enquanto a dúvida não é dirimida, chegou-se pelo menos a uma solução de compromisso.
Como os caminhões de lixo dificilmente podem transitar pelas ruas estreitas, contêineres gigantes de coleta serão instalados em alguns pontos; o projeto será implantado, experimentalmente, numa comunidade do Butantã.
Tantos anos de lentidão e impasse tornam a atuação do poder público municipal comparável, no caso, a um desses paquidérmicos caminhões de lixo que tentam precariamente se deslocar pelo labirinto urbano.
O atraso não se limita ao problema específico do lixo nas favelas. Após décadas de estagnação econômica, e havendo sinais claros de diminuição no fluxo migratório e no crescimento populacional em São Paulo, passa da hora de se empreender um projeto amplo de urbanização das favelas da capital.
De forma desorganizada, substituíram-se os antigos barracos de madeira por construções de alvenaria, por vezes elevando-se a mais de dois andares.
Títulos de propriedade precários, falta de infraestrutura adequada, arruamento praticamente inexistente, ausência de áreas verdes, de transporte, de salubridade e de segurança são problemas que, todavia, persistem nas favelas da cidade.
Um contêiner especial poderia ser idealizado a fim de guardar todos os planos e promessas já feitos para sanar esse tipo de problema. A julgar pelo caso do lixo, é de perguntar quantas décadas serão necessárias para a prefeitura começar a enfrentá-lo de fato.



Texto Anterior: Editoriais: A estreia de Dilma
Próximo Texto: São Paulo - Ricardo Melo: Center Morte
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.