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RUMO À QUALIDADE
Os indicadores quantitativos
da educação brasileira não deixam dúvida de que o objetivo de massificar o acesso ao ensino básico foi
atingido durante os mandatos de
Fernando Henrique Cardoso. Com o
passar dos anos, como resultado
dessa conquista, os dados do Brasil
sobre analfabetismo e escolarização
(média dos anos de estudo da população) devem apresentar sensível melhora. A ampliação do acesso ao ensino -atingindo a educação pré-escolar, o ensino médio e o universitário- deve prosseguir como prioridade do próximo governo. Mas o foco na melhoria da qualidade desse
ensino deveria ganhar relevo maior.
O Fundef, criado para garantir um
mínimo de repasse de recursos para
o ensino básico, foi a política pública
fundamental para a universalização.
Também contribuíram fatores como
as políticas de renda mínima associadas à educação, a diminuição da
pressão demográfica por conta da
queda das taxas de natalidade e a menor tolerância da sociedade e das autoridades ao trabalho infantil.
O exemplo do Fundef evidencia
que apenas boa vontade -sem um
arranjo orçamentário que garanta a
chegada e, se possível, o aumento
dos recursos à educação- não resolve. A educação básica foi um dos
poucos setores que registraram
avanço mais rápido para os níveis de
renda menos privilegiados. Isso sugere que um tratamento semelhante
ao Fundef, com as devidas adaptações, deva ser aplicado a segmentos
(pré-escola e universidade) onde o
problema do acesso não foi solucionado, onde educação ainda é privilégio de classes de renda mais alta.
A massificação do ensino é necessária para que o bem-estar social seja
mais bem distribuído no Brasil. Mas,
com o progressivo avanço nesse terreno, o que vai fazer a diferença entre
o ensino que pobres e ricos recebem
é a qualidade. Para atuar aí é preciso
conceber um arcabouço de políticas
públicas, a exemplo do que ocorreu
com o Fundef e os programas de bolsa-escola, também inovador.
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