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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Padre Alberto Hurtado: servidor dos pobres
Amanhã, o Papa Bento 16 estará
concluindo as atividades do Sínodo dos Bispos em Roma com solene
celebração na praça da Basílica de São
Pedro. Nessa ocasião, serão canonizados cinco novos santos: padre Alberto
Hurtado Cruchaga, jesuíta chileno
morto em 1952; Józef Bilczewski, arcebispo de Lviv, na Ucrânia (nascido em
1923); Sygmund Gorazdowski, sacerdote fundador das Irmãs de São José
(1920); padre Gaetano Catanoso
(1963) e frei Felix de Nicosia (1787).
Para toda a América Latina, e especialmente para o Chile, é grande o júbilo por causa do reconhecimento da
santidade de padre Hurtado, sacerdote que viveu numa época tão chegada
a nossos dias. Será canonizado na presença de muitos que tiveram a graça
de conhecê-lo pessoalmente. Espera-se a vinda a Roma de 8.000 peregrinos
do Chile.
Quem é padre Alberto Hurtado?
Nasceu em Viña del Mar a 22 de janeiro de 1901. Aos quatro anos, ficou
órfão de pai. Sofreu pobreza durante
sua infância. Recebeu de sua mãe a fé e
a coragem para enfrentar os desafios
de uma vida árdua. Graças a uma bolsa de estudos, freqüentou o colégio
dos jesuítas em Santiago. Trabalhando para sustentar a mãe e o irmão,
conseguiu formar-se em direito. Desde cedo, devotou-se aos mais pobres,
visitando-os e aprofundando as questões trabalhistas. Ao completar 22
anos, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, realizando o sonho de
ser jesuíta. Desde então, sua vida ficou
marcada pela entrega total a Deus,
unindo a intensa espiritualidade aos
estudos e amor aos pobres. Estudou
na Bélgica e na Espanha, formando-se
em filosofia, teologia, pedagogia e psicologia.
De volta ao Chile, em 1936, distinguiu-se como professor na universidade e guia espiritual da juventude.
Assumiu responsabilidades sempre
maiores como assistente da Ação Católica e fundador do sindicato cristão
para operários. Escritor, publicou três
livros sobre a doutrina social da Igreja.
Para atender os pobres, abriu uma
obra exemplar, "El Hogar de Cristo",
Lar de Cristo, oferecendo aos desabrigados um ambiente digno e acolhedor. Essa iniciativa multiplicou-se em
47 casas, marcadas com o mesmo espírito cristão de valorização da pessoa
humana. Com apenas 51 anos, em plena atividade sacerdotal, padre Alberto
suportou fortes dores e, aceitando
seus sofrimentos com plena conformidade, veio a falecer, vítima de um
câncer no pâncreas, a 18/8/52.
Qual o segredo desse santo de nossos dias?
O que mais impressiona na vida deste exímio apóstolo é a sua profunda fé
e união com Jesus Cristo, a quem se
ofereceu totalmente desde a juventude. A meditação constante sobre a vida do Divino Mestre explica o ardor
com que se dedicava a todos e a paixão
pelos pobres. Revelou um notável
equilíbrio conforme a espiritualidade
inaciana, sabendo ser "contemplativo
na ação".
Doava-se com desvelo a todos, tanto
a intelectuais e empresários como às
crianças abandonadas, aos operários
desempregados e às famílias sem moradias, consagrando longas horas à
oração. Era da adoração do Cristo presente na Eucaristia que hauria sua força, seu discernimento e seu incansável
zelo apostólico.
A celebração final do Sínodo sobre a
Eucaristia, com o exemplo de padre
Hurtado e dos novos santos, convoca
os discípulos de Cristo para superar o
egoísmo e as desigualdades sociais.
Vamos também nós renovar a fé no
auxílio divino e promover uma sociedade marcada pela justiça e pelo
amor.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br
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