São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Padre Alberto Hurtado: servidor dos pobres

Amanhã, o Papa Bento 16 estará concluindo as atividades do Sínodo dos Bispos em Roma com solene celebração na praça da Basílica de São Pedro. Nessa ocasião, serão canonizados cinco novos santos: padre Alberto Hurtado Cruchaga, jesuíta chileno morto em 1952; Józef Bilczewski, arcebispo de Lviv, na Ucrânia (nascido em 1923); Sygmund Gorazdowski, sacerdote fundador das Irmãs de São José (1920); padre Gaetano Catanoso (1963) e frei Felix de Nicosia (1787).
Para toda a América Latina, e especialmente para o Chile, é grande o júbilo por causa do reconhecimento da santidade de padre Hurtado, sacerdote que viveu numa época tão chegada a nossos dias. Será canonizado na presença de muitos que tiveram a graça de conhecê-lo pessoalmente. Espera-se a vinda a Roma de 8.000 peregrinos do Chile.
Quem é padre Alberto Hurtado?
Nasceu em Viña del Mar a 22 de janeiro de 1901. Aos quatro anos, ficou órfão de pai. Sofreu pobreza durante sua infância. Recebeu de sua mãe a fé e a coragem para enfrentar os desafios de uma vida árdua. Graças a uma bolsa de estudos, freqüentou o colégio dos jesuítas em Santiago. Trabalhando para sustentar a mãe e o irmão, conseguiu formar-se em direito. Desde cedo, devotou-se aos mais pobres, visitando-os e aprofundando as questões trabalhistas. Ao completar 22 anos, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, realizando o sonho de ser jesuíta. Desde então, sua vida ficou marcada pela entrega total a Deus, unindo a intensa espiritualidade aos estudos e amor aos pobres. Estudou na Bélgica e na Espanha, formando-se em filosofia, teologia, pedagogia e psicologia.
De volta ao Chile, em 1936, distinguiu-se como professor na universidade e guia espiritual da juventude. Assumiu responsabilidades sempre maiores como assistente da Ação Católica e fundador do sindicato cristão para operários. Escritor, publicou três livros sobre a doutrina social da Igreja. Para atender os pobres, abriu uma obra exemplar, "El Hogar de Cristo", Lar de Cristo, oferecendo aos desabrigados um ambiente digno e acolhedor. Essa iniciativa multiplicou-se em 47 casas, marcadas com o mesmo espírito cristão de valorização da pessoa humana. Com apenas 51 anos, em plena atividade sacerdotal, padre Alberto suportou fortes dores e, aceitando seus sofrimentos com plena conformidade, veio a falecer, vítima de um câncer no pâncreas, a 18/8/52.
Qual o segredo desse santo de nossos dias?
O que mais impressiona na vida deste exímio apóstolo é a sua profunda fé e união com Jesus Cristo, a quem se ofereceu totalmente desde a juventude. A meditação constante sobre a vida do Divino Mestre explica o ardor com que se dedicava a todos e a paixão pelos pobres. Revelou um notável equilíbrio conforme a espiritualidade inaciana, sabendo ser "contemplativo na ação".
Doava-se com desvelo a todos, tanto a intelectuais e empresários como às crianças abandonadas, aos operários desempregados e às famílias sem moradias, consagrando longas horas à oração. Era da adoração do Cristo presente na Eucaristia que hauria sua força, seu discernimento e seu incansável zelo apostólico.
A celebração final do Sínodo sobre a Eucaristia, com o exemplo de padre Hurtado e dos novos santos, convoca os discípulos de Cristo para superar o egoísmo e as desigualdades sociais. Vamos também nós renovar a fé no auxílio divino e promover uma sociedade marcada pela justiça e pelo amor.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br


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