São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Dois anos
"Dois anos de um seqüestro sem solução. Em outubro de 2003, o jornalista Ivandel Godinho Júnior, meu pai, foi levado na garupa de uma moto por dois homens armados ao sair do trabalho. Até hoje não se sabe o que aconteceu depois disso. Qualquer desfecho concreto sobre o caso que eu aqui registrasse seria mera suposição. O máximo que a polícia de São Paulo conseguiu após dois anos de fracassadas investigações foram indícios. Na prática, não sabemos precisar o que houve com meu pai, quem o levou, por que foi seqüestrado. Para ser sincero, não temos sequer informações que provem se está vivo ou morto. Tudo o que se tem se resume a suposições. Há dois suspeitos de terem participado do crime que estão presos desde janeiro deste ano. Estes dois, que, à época, confessaram participação no seqüestro e na execução da vítima, mas que, até hoje, não apresentaram provas concretas que sustentem essa confissão, apontam os foragidos da polícia Sidney Correia (Sidnelson) e Miguel José dos Santos Júnior (Juninho) como idealizadores do crime e principais responsáveis por ele. Eles teriam as informações fundamentais para a elucidação do caso. Sim, porque os dois que estão presos confessam participação no crime, mas não sabem responder onde está o corpo. Apontaram um terreno na periferia de São Paulo como local onde este teria sido enterrado. Vasculhou-se tudo nas imediações do lugar. Laudo do IML sobre o material recolhido: os ossos eram de porcos e cabritos. Um corpo que some não esclarece para a família a história. Como seguir então a vida? Já fizemos, publicamente, muitos pedidos durante esses dois longos anos. Primeiro, imploramos aos seqüestradores que retomassem o contato com a família. Em cima de denúncias anônimas que recebíamos, nas quais se afirmava que meu pai teria sido solto e estaria desmemoriado, já pedimos informações que nos revelassem seu paradeiro. Pedimos também, no início do ano, que a polícia de São Paulo não divulgasse um possível fim para o caso baseada apenas em indícios. Nenhum dos pedidos foi atendido. Vou lançar o último. Quem sabe ao menos um é atendido? Não custa tentar. Pedimos uma prova. De que meu pai está vivo ou morto. Pedimos que, para isso, a polícia encontre Sidnelson e Juninho. Para que a vida possa seguir sem o peso dessa história tão mal-explicada."
Hugo Godinho, filho do jornalista Ivandel Godinho Júnior (São Paulo, SP)

Referendo
"A Justiça Eleitoral poderia ter aproveitado a oportunidade, que exige um investimento tão oneroso -em detrimento de aplicações na saúde, na educação, em segurança, nas estradas...- para acrescentar um plebiscito: "Se você é contrário a que os aumentos dos parlamentares sejam decididos por eles próprios, aperte a tecla 3; se é contrário ao nepotismo nos diversos níveis, aperte 4; se é contrário à renúncia de mandatos com isenção da perda de direitos políticos, aperte a tecla 5; se for favorável a tudo isso e a mais alguma coisa, aperte a tecla 6, a qual, certamente, será acionada por nossos "representantes", seus familiares e amigos". É pena que não haja mais tempo."
Moacir Borges Beleza (Pará de Minas, MG)

 

"Desde que começou a campanha sobre o referendo, fiquei com uma grande dúvida. Não sabia se votava no "sim" ou no "não". Mas, ao ler o "Painel do Leitor" de 20/10, mais precisamente a carta do senhor Marcílio Godói (com o qual concordo plenamente e parabenizo pela lucidez), vou votar no "sim" com o mesmo pensamento do senhor Marcílio."
Norival Leite da Silva (Guarulhos, SP)

Suicídio
"Gostaria de perguntar a Eliane Cantanhêde por que ela não concluiu de modo coerente seu raciocínio em "Agonia sem fim" (Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, 20/10), propondo a José Dirceu que se suicide em nome da harmonia do Conselho de Ética, da CCJ, da mídia e da felicidade geral da nação. À Folha pergunto se está ciente do quanto um texto risível quanto esse coloca em risco o rígido controle de qualidade que sempre procurou manter."
Consuelo de Castro (São Paulo, SP)

Esclarecimento
"Nas edições de 27 de julho e 2 de agosto do corrente ano, a Folha publicou, injustamente, equivocadamente e cruelmente, reportagens sobre minha pessoa como um dos deputados envolvidos nos escândalos do "mensalão" e dos Correios, de conhecimento público, mas que não correspondem à verdade. Em nenhum momento participei de atos ou ações ilegais, bem como não fui cúmplice ou tive conhecimento de que deputados da base do governo estavam envolvidos com compra de votos e com desvio de recursos públicos de estatais como os Correios e Telégrafos. Tanto é verdade que a CPMI dos Correios e a CPMI do "mensalão" não possuem qualquer documento ou qualquer acusação contra a minha pessoa e contra o meu comportamento como deputado federal. Sou um parlamentar de primeiro mandato, filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Rio de Janeiro, e tenho, de forma digna, honrado o mandato outorgado pelos cidadãos cariocas e fluminenses, o que me orgulha muito. Luto, diariamente, na Câmara dos Deputados em prol de uma vida melhor e digna para a nossa população, por intermédio dos meus projetos, dos meus pronunciamentos e das minhas visitas, constantes, às comunidades carentes, às igrejas, às associações, aos sindicatos, às escolas e a todos aqueles que querem me convidar ou apenas falar sobre assuntos e questões sociais. Com o direito de resposta conferido a mim por este jornal, sinto-me redimido perante a sociedade carioca, fluminense e brasileira, bem como em relação à minha família, aos meus amigos e aos meus assessores, restando-me apenas virar a página."
João Mendes de Jesus, deputado federal -PSB-RJ (Brasília, DF)

Nota da Redação - A reportagem apenas citou que a ida de um assessor do deputado ao Banco Rural de Brasília estava sob investigação.

Senado
"Em relação à nota "Liberou geral" ("Painel", pág. A4, 20/10), reitero, mais uma vez, que não existe nenhuma denúncia em relação à minha campanha eleitoral. Informo também que, preservando a coerência que tem pautado minha atitude e a do governo nas investigações de três CPIs em curso no Congresso, já me coloquei à disposição da comissão de inquérito. Meu mandato e o governo do presidente Lula sempre estarão prontos para ajudar nos esclarecimentos das denúncias."
Aloizio Mercadante, senador -PT-SP (Brasília, DF)

Injustiças
"A quinta-feira passada terminou como um dos mais tristes da minha vida: Paulo Maluf e o filho foram soltos a mando do Supremo Tribunal Federal, que considerou ilegal a prisão de ambos. Legal mesmo é a Justiça, que deixa presa por mais de um ano uma mulher que rouba um xampu e solta Paulo Maluf e seu filho após somente 40 dias de prisão. Eu, professora desde a época em que Maluf -um dos piores patrões que a classe do magistério já teve- era governador, sinto-me indignada e envergonhada de morar neste país, pois muitas injustiças vêm por aí, como a não-cassação de "mensaleiros" e do comissário José Dirceu. E não tenho dúvidas de que a "vergonheira" não vai parar por aí. Além de Maluf, temos o governo Lula. Que tragédia!"
Maria Bernadeth Ribeiro (São Paulo, SP)

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