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ELIANE CANTANHÊDE
Campeonato de "bolinha de papel"
BRASÍLIA - O país está praticamente dividido ao meio desde o início
do segundo turno, mas os vermelhos estão aumentando, os azuis
vão perdendo o fôlego e os verdes
continuam sendo o diferencial.
Dilma Rousseff disputa um campeonato de times, como se fosse de
vôlei, basquete, futebol. Transformou "o nosso governo" e "o presidente Lula" no seu partido (ou time) e investe no "nós contra vocês". Compara governos e épocas.
José Serra está numa competição
do tipo tênis, nado livre ou salto em
altura. Refere-se a um sonhado "governo de união nacional" com "todas as forças políticas" e faz campanha na base do "eu contra você".
Confronta biografias e feitos.
O peso de Marina Silva no primeiro turno reflete-se agora na força do seu eleitorado, que veste a camisa verde, apesar de não ser necessariamente "verde". E foi aí que
Dilma ganhou e Serra perdeu impulso segundo o Datafolha de hoje.
Dilma cresceu oito pontos no espólio de Marina, indo de 23% a 31%,
enquanto Serra diminuiu cinco
pontos, de 51% para 46%. Mais
uma vez, o atleta Serra colheu
apoios no varejo -Gabeira no Rio e
Feldman em São Paulo- enquanto
o time de Dilma foi no atacado: a
bancada do PV.
Na reta final, Dilma e Serra se
concentram no Sul e no Sudeste,
com seus imensos eleitorados, julgando ambos que o eleitorado do
Norte e Nordeste está cristalizado a
favor de Dilma. Ela não teria muito
mais a fazer. Ele acha que não tem
nem teria como romper a barreira.
Mas foi justamente aí e no Centro-Oeste que a petista continuou crescendo e conquistou apoios que inflaram a diferença de 8 para 12 pontos nos votos válidos.
Serra tem programa de TV bem
avaliado e foi considerado melhor
no último debate. O que mais poderia fazer? Seu problema é menos a
adversária e mais o time e a técnica
de Lula, capaz de querer "exterminar" competidores e de atingir a
própria credibilidade jogando sujo
com uma "bolinha de papel".
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