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PLANO HUMORÍSTICO
Em 2002 , durante a campanha
eleitoral que terminou com a
eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT apresentou aos brasileiros um documento intitulado
"Combate à Corrupção, Compromisso com a Ética". Entre os responsáveis pela elaboração dessa peça de
marketing, destinada a fortalecer o
ilusório sentido moralizador da candidatura petista, figurava o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP),
hoje muito perto de ter seu mandato
de deputado cassado pela Câmara.
Como já se observou em outras
frentes do atual governo, a maior
parte das mudanças prometidas durante a campanha foi abandonada
após a posse. Segundo reportagem
publicada ontem por esta Folha, das
dez medidas mais relevantes do programa, apenas três foram integralmente postas em prática.
É significativo, por exemplo, que
não tenha saído do papel a criação de
uma agência nacional anticorrupção, a ser formada por representantes do Executivo, do Legislativo, do
Judiciário, do Ministério Público e da
sociedade civil, com amplos poderes
para coordenar o combate aos desvios praticados na máquina pública e
formular um "Plano Nacional Anticorrupção". Não só não se elaborou
plano algum como a agência foi reduzida a um conselho ornamental.
Muitas outras decisões que poderiam contribuir para conter as irregularidades ficaram, na melhor das hipóteses, inconclusas. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a proposta de
criação de ouvidorias independentes
nos diversos ministérios e com a
promessa de ampliar a liberação dos
registros e dados do Siafi (sistema informatizado de acompanhamento
do Orçamento federal).
Diante das evidências de envolvimento do PT e de membros do governo numa miríade de ilicitudes,
tendo como pano de fundo um projeto de captura do Estado, o plano
poderia soar ao leitor de hoje como
um texto humorístico -não fosse
mais um dramático testemunho da
abissal distância entre discurso e
prática que marcou a ascensão de
Lula à Presidência da República.
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