São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 2005

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FREIO NA EXPORTAÇÃO

Nos últimos três anos, as exportações brasileiras apresentaram expressivas taxas de crescimento: 21% em 2003, 32% em 2004 e, provavelmente, mais de 20% em 2005, alcançando a cifra de US$ 117 bilhões. Esses resultados refletiram as acentuadas desvalorizações do real entre 1999 e 2003, avanços no agronegócio, mudanças nas estratégias das grandes empresas (que procuraram exportar para ocupar capacidade produtiva ociosa) e expansão da economia internacional.
Esse processo, todavia, já emite sinais de esgotamento. Embora avaliações como essa possam ser contrariadas por fatos inesperados, tudo indica que as exportações brasileiras tendem a se manter estáveis no próximo ano. Os setores que ainda projetam crescimento, como o de minério de ferro, esperam um aumento de no máximo 10%.
Essa deterioração das expectativas está associada, entre outros fatores, à expressiva valorização da taxa de câmbio, à queda do preço de commodities no mercado internacional e ao menor dinamismo do cenário externo. Para os produtores de automóveis, calçados, têxteis e outros bens de consumo, sujeitos a forte concorrência de outros países, a valorização cambial (em torno de 16% somente em 2005) responde por grande parte da desaceleração.
A perspectiva de estabilidade nas exportações representa piores resultados para os empreendimentos que postergam os investimentos. Os produtores de soja, por exemplo, estão endividados e, diante da atual cotação do real frente ao dólar, deverão reduzir a área plantada.
Como resultado desse quadro, o saldo comercial do ano que vem deverá diminuir, mas sem causar sobressaltos. A previsão é que fique em torno de US$ 35 bilhões. O que preocupa não é o superávit de 2006, mas a evolução desse processo nos próximos anos, que poderá colocar em risco conquistas fundamentais, como a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.


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