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FREIO NA EXPORTAÇÃO
Nos últimos três anos, as exportações brasileiras apresentaram expressivas taxas de crescimento: 21% em 2003, 32% em 2004
e, provavelmente, mais de 20% em
2005, alcançando a cifra de US$ 117
bilhões. Esses resultados refletiram
as acentuadas desvalorizações do
real entre 1999 e 2003, avanços no
agronegócio, mudanças nas estratégias das grandes empresas (que procuraram exportar para ocupar capacidade produtiva ociosa) e expansão
da economia internacional.
Esse processo, todavia, já emite sinais de esgotamento. Embora avaliações como essa possam ser contrariadas por fatos inesperados, tudo
indica que as exportações brasileiras
tendem a se manter estáveis no próximo ano. Os setores que ainda projetam crescimento, como o de minério de ferro, esperam um aumento de
no máximo 10%.
Essa deterioração das expectativas
está associada, entre outros fatores, à
expressiva valorização da taxa de
câmbio, à queda do preço de commodities no mercado internacional e
ao menor dinamismo do cenário externo. Para os produtores de automóveis, calçados, têxteis e outros
bens de consumo, sujeitos a forte
concorrência de outros países, a valorização cambial (em torno de 16%
somente em 2005) responde por
grande parte da desaceleração.
A perspectiva de estabilidade nas
exportações representa piores resultados para os empreendimentos que
postergam os investimentos. Os produtores de soja, por exemplo, estão
endividados e, diante da atual cotação do real frente ao dólar, deverão
reduzir a área plantada.
Como resultado desse quadro, o
saldo comercial do ano que vem deverá diminuir, mas sem causar sobressaltos. A previsão é que fique em
torno de US$ 35 bilhões. O que preocupa não é o superávit de 2006, mas a
evolução desse processo nos próximos anos, que poderá colocar em
risco conquistas fundamentais, como a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.
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