São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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RUY CASTRO

A pirataria máscula

RIO DE JANEIRO - Até há pouco, quando se falava em pirataria, o que vinha à mente eram CDs, DVDs e demais bugigangas eletroeletrônicas dos camelódromos, oriundas do Paraguai ou da China. Por causa dela, nossos outrora românticos camelôs pararam de vender artigos essenciais, como ioiô, pente Flamengo e cortador de unhas.
Mais remotos ainda ficaram os clássicos piratas que, no passado, assombravam a imaginação das crianças: os de verdade, como Henry Morgan, John Lafitte e o capitão Kidd, e os fictícios, como Barba Negra, Long John Silver e o capitão Blood. Quase todos, aliás, parecidos com o pirata do rum Montilla.
Pois eis que, na costa da Somália, volta à moda a pirataria como ela deve ser: máscula, perigosa, aventureira. Um navio aborda o outro no mar e foge com a carga. Ou faz desse navio refém, com tripulação e tudo. Antes, o botim eram ouro e jóias, e talvez uma princesa espanhola, de olhos pretos e pinta no queixo. Agora os objetivos são armas, óleo, trigo ou os milhões de dólares do resgate.
Os cargueiros de hoje, supercomputadorizados e com uma tripulação mínima e quase desarmada, tornaram-se uma teta para os piratas. Já aconteceram 95 ataques este ano, e há 17 navios em poder dos corsários. O cenário é quase sempre o mesmo: o golfo de Áden. Mas a ameaça se estende a todo o oceano Índico.
Não por acaso, esta era a rota de um implacável inimigo da pirataria: o Fantasma, personagem criado em 1936 por Lee Falk e Ray Moore. Nas últimas décadas, o herói estava quase morrendo de tédio, por falta de piratas a combater. Passava o dia no trono da caverna, fazendo cafuné em sua mulher, Diana Palmer, bocejando e indo dormir cedo. Mas, agora, em sua identidade civil de Sr. Walker e acompanhado do lobo Capeto, o Fantasma volta a ter de sair à noite.


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