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FERNANDO RODRIGUES
Um banco "com esse nome"
BRASÍLIA - O Banco do Brasil
comprou a Nossa Caixa. A principal
reclamação ouvida na praça foi só
no campo da micropolítica. Lula teria dado uma ajuda indevida ao tucano José Serra. Não houve uma alma em Brasília explicando de maneira objetiva o mais importante: a
real utilidade de um banco estatal
federal sair por aí comprando outras instituições chapas-brancas.
O presidente do BB, Antonio Lima Neto, argumentou ser necessário levar a instituição ao topo do
ranking de bancos brasileiros. Por
quê? "Não se consegue imaginar o
Banco do Brasil, com esse nome,
não estando no bloco de liderança".
Seria mais barato mudar o nome
do banco ou a sua função na sociedade. Mas o governo não está interessado em idéias novas. Tomou
uma decisão política, quase supersticiosa. Felipe Massa usa a mesma
cueca nas suas corridas de Fórmula
1. Presidentes brasileiros acham
que serão fragilizados se o BB não
for o maior banco de varejo. Inexiste no Brasil convicção a respeito da
eficácia da competição promovida
pelo livre mercado, com regras claras e justas.
Vigorou na operação BB-Nossa
Caixa uma espécie de "fundamentalismo do mercado" ao contrário.
Agora, os cinco maiores bancos
concentrarão 79% dos depósitos.
Em 1994, o percentual era 48%.
Em vez de promover uma salutar
fragmentação e estimular a concorrência, o Planalto optou por um
simbolismo vazio. Quer ser o dono
do maior banco do país. Perpetuará
assim o clientelismo de bandinhas
do interior e de cineastas fracassados em romaria a Brasília mendigando um caraminguá estatal do
BB. Sempre haverá um diretor indicado pelo PT ou pelo PMDB disponível na cúpula da instituição para
dar uma forcinha.
Lula deveria falar mais com Barack Obama. Talvez seja esse o modelo bancário sólido, evoluído e regulado do qual tanto se jacta.
frodriguesbsb@uol.com.br
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