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CLÓVIS ROSSI
Origens e projetos
SÃO PAULO - Transfiro hoje a coluna para Edwin Lima, salvadorenho que
estudou em São Paulo e mora na Holanda (Amsterdã, mais precisamente). Tornou-se um bom amigo virtual, com o qual troco periodicamente idéias -troca, aliás, em que eu ganho e ele perde.
Sobre os comentários ontem publicados a respeito da eleição de Evo
Morales na Bolívia, Edwin escreve o
seguinte:
"Hoje em dia não me anima mais
que um aimará ou um metalúrgico
ou seja lá o que for que "represente" os
excluídos venha a ganhar as eleições,
nem que sejam as de bairro.
Quando Lula ganhou, o mundo inteiro se curvou diante dele e achou
que de repente teria chegado a revolução do proletariado ao Brasil, proletário que ele tinha deixado de ser
faz tempo (bom para ele, por sinal).
Deu no que deu.
A lição que pelo menos eu (não sei
os outros) tiro disso é que não basta
ter origem humilde, ser proletário,
negro (vide Celso Pitta), índio (vide
caso Peru) etc. O importante é que a
pessoa tenha um programa de governo, um verdadeiro projeto para o
país, um base política de sustentação,
(e que não a compre com mensalões)
e não apenas um projeto para chegar
ao poder e, uma vez lá, fazer feito cachorro correndo atrás de carro:
quando o carro pára, não sabe mais o
que fazer.
Pode ganhar o dono do Pão de Açúcar ou um favelado da Rocinha, o
Fernandinho Beira-Mar ou o Daniel
Dantas, mas, se nenhum deles tiver
um projeto para o país, a sua etnia,
classe social, sindicato que representa
não farão a menor diferença. A origem da pessoa que chega ao poder
tem na verdade uma carga simbólica, mas não é nem condição suficiente nem necessária para chegar ao poder -nem muito menos garantia
das mudanças".
É puro bom senso, caro Edwin. Pena que, no Brasil, até uma filósofa
baba no vestido só porque ouve um
metalúrgico falar.
Tinha que dar no que deu.
@ - crossi@uol.com.br
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