São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Editoriais

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O futuro da Osesp

OS DEZ anos de trabalho do maestro John Neschling, à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), foram tão ricos em realizações quanto em polêmicas.
Sua demissão, comunicada nesta quarta-feira pelo conselho administrativo da Fundação Osesp, põe fim a um impasse que se prolongava havia meses, marcado por conflitos políticos, queixas dos músicos e intrigas pessoais.
Mesmo os observadores mais hostis à figura do maestro Neschling reconhecem o valioso papel que exerceu. São Paulo passou a contar com um corpo sinfônico de ótimo nível, capaz de atrair respeito no cenário internacional. A orquestra tem contribuído, sobretudo, para melhorar os padrões de cultura musical no Estado e no país.
Superada a temporada de desgastes, cabe agora elaborar e implementar uma estratégia capaz de preservar esse patrimônio das turbulências conjunturais, bem como ampliar sua presença na vida cultural do conjunto da população.
A orquestra paulista depende, fundamentalmente, das verbas do governo estadual. Assegurar maior independência financeira para a Osesp não exige apenas o aumento do patrocínio privado. Requer, também, um esforço de arquitetura institucional que possibilite, por exemplo, a constituição de um fundo de recursos permanentes, dotando a instituição de reservas próprias, nos momentos em que lhe faltar apoio oficial.
Parcerias educacionais abrangentes e uma promoção mais intensa de eventos gratuitos constituem, por sua vez, o caminho mais seguro para dar sustentação a um projeto cujo significado não se confine aos círculos de uma elite privilegiada.


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