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Editoriais
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O futuro da Osesp
OS DEZ anos de trabalho do
maestro John Neschling,
à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
(Osesp), foram tão ricos em realizações quanto em polêmicas.
Sua demissão, comunicada
nesta quarta-feira pelo conselho
administrativo da Fundação
Osesp, põe fim a um impasse que
se prolongava havia meses, marcado por conflitos políticos,
queixas dos músicos e intrigas
pessoais.
Mesmo os observadores mais
hostis à figura do maestro
Neschling reconhecem o valioso
papel que exerceu. São Paulo
passou a contar com um corpo
sinfônico de ótimo nível, capaz
de atrair respeito no cenário internacional. A orquestra tem
contribuído, sobretudo, para
melhorar os padrões de cultura
musical no Estado e no país.
Superada a temporada de desgastes, cabe agora elaborar e implementar uma estratégia capaz
de preservar esse patrimônio das
turbulências conjunturais, bem
como ampliar sua presença na
vida cultural do conjunto da população.
A orquestra paulista depende,
fundamentalmente, das verbas
do governo estadual. Assegurar
maior independência financeira
para a Osesp não exige apenas o
aumento do patrocínio privado.
Requer, também, um esforço de
arquitetura institucional que
possibilite, por exemplo, a constituição de um fundo de recursos
permanentes, dotando a instituição de reservas próprias, nos
momentos em que lhe faltar
apoio oficial.
Parcerias educacionais abrangentes e uma promoção mais intensa de eventos gratuitos constituem, por sua vez, o caminho
mais seguro para dar sustentação a um projeto cujo significado
não se confine aos círculos de
uma elite privilegiada.
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