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A RECUPERAÇÃO DE LULA
Em 1989 , ano da primeira disputa presidencial da redemocratização brasileira, a instabilidade marcou as preferências do eleitorado ao
longo dos meses que antecederam o
pleito. Essa característica acabou estampada no resultado do primeiro
turno: quatro candidatos se situaram
no pequeno espectro de seis pontos
percentuais de onde saiu o adversário de Fernando Collor de Mello.
Nas três eleições seguintes, o padrão se inverteu. O advento do Plano
Real deu ensejo à liderança isolada de
Fernando Henrique Cardoso sobre
Luiz Inácio Lula da Silva, margem
que o tucano manteve sobre o petista
sem sobressaltos em 1998 e que bastou para que vencesse os dois pleitos
no primeiro turno. Já em 2002, foi
Lula quem liderou de ponta a ponta
as sondagens, tendo José Serra assumido a segunda colocação, para não
mais perdê-la, no início de setembro.
À luz da mais recente pesquisa do
Datafolha sobre o pleito de outubro
de 2006, publicada ontem, torna-se
impossível arriscar como evoluirá o
processo neste ano. Faltam mais de
sete meses para o primeiro turno; há
indefinição sobre os contendores do
PSDB e do PMDB; e não se sabe qual
será o impacto, durante a campanha,
do escândalo de corrupção que se
abateu sobre o governo Lula.
De concreto, a pesquisa confirma a
recuperação do presidente da República, que retorna à condição de favorito, se a eleição fosse hoje. Revela
também um movimento raro em
pesquisas desse tipo, em que a retomada da intenção de voto em Lula
dos mais ricos (que ganham mais de
R$ 3.000 mensais e representam 5%
da amostra) acompanha o que ocorrera antes na fatia dos que têm renda
de até R$ 1.500 ao mês (mais de 85%
dos entrevistados).
Quanto ao PSDB, Serra mantém
sua condição de tucano mais bem
cotado. Mas o fortalecimento de Lula
faz aumentar o risco de o prefeito renunciar a seu posto, aos 15 meses de
mandato, para enfrentar uma disputa presidencial cada vez mais difícil.
Esse é o elemento que sustenta as
pretensões do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin.
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