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RECORDES BANCÁRIOS
Os grandes bancos continuam a gozar de uma posição
extremamente privilegiada dentro da
economia brasileira. É o que revelam
os balanços financeiros, divulgados
nos últimos dias, relativos ao desempenho em 2005 das maiores instituições financeiras atuantes no país. As
grandes corporações financeiras
-não importa se sob controle público ou privado- auferiram no ano
passado lucros altíssimos, em vários
casos recordes históricos.
O fato de tratar-se de um movimento generalizado indica que, para
além das decisões gerenciais e estratégicas de cada instituição, pesou decisivamente para a obtenção de tamanha rentabilidade o ambiente de
negócios em que operaram.
Embora presente há anos, não deixa de ser perturbadora a diferença
entre o desempenho dos bancos e a
performance pífia da economia brasileira. No ano de 2005, o PIB do Brasil cresceu apenas cerca de 2,5%, um
ritmo bem inferior ao da economia
global (4%) e, mais ainda, da média
das grandes economias emergentes
(6%). Há um contraste evidente entre
rentabilidades sobre o patrimônio
superiores a 30% e o medíocre desempenho do país. A política econômica e a regulação financeira ainda
não foram capazes de induzir os
bancos a contribuir mais decisivamente para o desenvolvimento.
A sofisticação do sistema financeiro ajuda a explicar a rentabilidade das
instituições. Elas estão aptas a prosperar num ambiente que combina
taxas de juros altíssimas, propiciando ganhos enormes com a dívida pública, e baixo (embora crescente) volume de crédito. Um ganho elevado é
obtido nas operações de empréstimo
graças a "spreads" -diferença entre
o custo dos bancos ao captar recursos e as taxas que cobram ao emprestá-los- também elevados.
Estimular grandes bancos a ofertarem crédito de longo prazo às empresas, a custo compatível com o retorno dos investimentos produtivos,
é um desafio que a política econômica simplesmente não enfrentou.
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