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PULSO ELEITORAL
Nada como uma eleição que se
avizinha para sensibilizar os
governantes ao clamor público. Ontem o governo federal anunciou o
adiamento por um ano da conversão
do sistema de cobrança de chamadas
locais de telefonia fixa do pulso para
o minuto.
A decisão é prudente. Com ela o
governo evitará que, ao menos por
ora, milhões de usuários que realizam ligações telefônicas mais longas
sejam injustamente onerados pela
tarifação por minuto. Os principais
atingidos seriam os usuários de internet por meio de acesso discado.
A cobrança atual -por pulsos-
incide, grosso modo, a cada quatro
minutos falados. No novo modelo,
uma tarifa seria cobrada pelo tempo
mínimo de 30 segundos e, a partir
daí, a tarifação se realizaria a cada
seis segundos. O valor debitado do
usuário corresponderia quase à duração exata da ligação.
O problema é que os preços cogitados para o minuto elevariam excessivamente o custo das ligações mais
longas. Segundo a Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, uma ligação de 10 minutos
sofreria aumento de cerca de 117%.
Lamentavelmente, como de hábito,
o súbito interesse do governo pelos
direitos do consumidor é meramente eleitoreiro. Não é de hoje que órgãos de defesa do consumidor vêm
emitindo alertas e elaborando projeções demonstrando que alguns seriam excessiva e injustamente prejudicados pela nova tarifação. A própria Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) já dispõe desses estudos há muito tempo.
O novo sistema deveria entrar em
vigor em março deste ano. A prorrogação da medida por um ano daria
tempo para que fossem buscadas soluções de preço mais equilibradas,
tanto para os usuários quanto para
as empresas de telecomunicações.
Mas a intenção do governo ao adiar a
a tarifação por minutos decerto não
foi a de trazer mais racionalidade ao
debate. Quis apenas empurrar a sua
solução para depois das eleições.
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