|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
O país dos recordes
BRASÍLIA - O lucro líquido do Bradesco foi o maior da história em 2005:
R$ 5,514 bilhões, 80,2% superior ao
do ano anterior.
O lucro do Itaú foi o maior da história em 2005: R$ 5,251 bilhões, 39,06%
a mais do em 2004.
O lucro do Banco do Brasil (BB)
também foi o maior da história em
2005: R$ 4,154 bilhões, 37,4% a mais
do que no ano anterior.
E o lucro da Caixa Econômica Federal (CEF) igualmente foi o maior
da história em 2005: R$ 2,07 bilhões,
46% a mais do que em 2004.
Devemos, portanto, nos orgulhar.
Somos um país de recordes! Em geral,
recordes herdados dos dois mandatos
de Fernando Henrique Cardoso e devidamente aprofundados no governo
Luiz Inácio Lula da Silva, como no
caso dos juros (os maiores do planeta) ou dos índices de crescimento, que
estão nuns 2,5% e só perdem para o
nosso agora íntimo Haiti.
Com tantos recordes, devemos parar com essa implicância contra tucanos e petistas e finalmente admitir
que temos o melhor país do mundo.
Do contrário, convém contrastar esses lucros vertiginosos de bancos com
a realidade nacional e refletir se não
há alguma coisa errada.
Será que o crescimento do país, a
distribuição de renda, a ciência e tecnologia, a educação, a saúde, a infra-estrutura estão acompanhando tudo
isso? E a classe média foi parar no paraíso? Se a resposta for não, pode-se
supor que esse "boom" seja resultado
de juros e tarifas escorchantes e da
evidente sobrevalorização do real.
E, no caso do BB e da CEF, como
podem bancos de fomento, de desenvolvimento e de investimento na produção e na geração de empregos ter
lucros assim? Afinal, é dinheiro para
investir ou para se multiplicar?
Sei não, até porque isso é coisa para
os entendidos em economia, como o
médico Palocci, e seria interessante
saber a impressão da indústria e das
centrais sindicais. Nós, os leigos, não
entendemos nada e só conseguimos
chegar a uma conclusão: já não se fazem mais PTs como antigamente.
@ - elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A "grande maldição" Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O jeito carioca de ser Índice
|