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Editoriais
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O pacote dos mutuários
A OFENSIVA contra a recessão nos EUA recebeu um
importante reforço. O governo Obama enfim anunciou
seu plano para interromper a onda de despejos e estancar a grave
crise no mercado imobiliário.
As fortes oscilações dos preços
das moradias têm sido peça central na dinâmica da economia
americana. O aumento contínuo
do valor das casas, de 2000 a
2006, alimentou a euforia entre
os consumidores. Sentido-se
enriquecidos, se animaram a se
endividar em proporção inédita,
oferecendo como garantia aos
credores o seu ativo imobiliário.
A inversão da tendência foi o
estopim para os consumidores
passarem da euforia ao pânico.
Esmagados entre a desvalorização do seu patrimônio e a súbita
dificuldade para renovar suas dívidas, eles reagem defensivamente e cortam gastos. A atitude
alimenta a espiral da crise, levando a suspensão de investimentos
e desemprego.
Estancar a queda no preço das
casas é crucial para interromper
o ciclo vicioso. O plano de Obama, que mobiliza US$ 275 bilhões, contempla variados mecanismos para reduzir o peso das
prestações nos orçamentos das
famílias, bem como para premiar
quem mantiver os pagamentos
em dia. A intenção é impedir que
até 9 milhões de famílias percam
seus imóveis -evitando, portanto, que esses imóveis sejam postos à venda e renovem a pressão
de baixa sobre os preços.
O anúncio do pacote de socorro aos mutuários completa -ao
lado do programa de corte de impostos e de aumento de gastos,
bem como das iniciativas para
escorar os bancos e reanimar o
crédito- o tripé central da resposta à crise apresentada pelo
novo governo norte-americano.
O conjunto de medidas, embora ainda cercado de indefinições,
é sem dúvida mais abrangente e
incisivo do que as reações tímidas e desencontradas do governo
Bush. Isso, por si só, é um fator
favorável à redução da incerteza.
Mas a escalada da crise não dá
trégua: renovam-se, agora, os temores quanto à solvência de
grandes bancos americanos.
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