São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Editoriais

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O pacote dos mutuários

A OFENSIVA contra a recessão nos EUA recebeu um importante reforço. O governo Obama enfim anunciou seu plano para interromper a onda de despejos e estancar a grave crise no mercado imobiliário.
As fortes oscilações dos preços das moradias têm sido peça central na dinâmica da economia americana. O aumento contínuo do valor das casas, de 2000 a 2006, alimentou a euforia entre os consumidores. Sentido-se enriquecidos, se animaram a se endividar em proporção inédita, oferecendo como garantia aos credores o seu ativo imobiliário.
A inversão da tendência foi o estopim para os consumidores passarem da euforia ao pânico. Esmagados entre a desvalorização do seu patrimônio e a súbita dificuldade para renovar suas dívidas, eles reagem defensivamente e cortam gastos. A atitude alimenta a espiral da crise, levando a suspensão de investimentos e desemprego.
Estancar a queda no preço das casas é crucial para interromper o ciclo vicioso. O plano de Obama, que mobiliza US$ 275 bilhões, contempla variados mecanismos para reduzir o peso das prestações nos orçamentos das famílias, bem como para premiar quem mantiver os pagamentos em dia. A intenção é impedir que até 9 milhões de famílias percam seus imóveis -evitando, portanto, que esses imóveis sejam postos à venda e renovem a pressão de baixa sobre os preços.
O anúncio do pacote de socorro aos mutuários completa -ao lado do programa de corte de impostos e de aumento de gastos, bem como das iniciativas para escorar os bancos e reanimar o crédito- o tripé central da resposta à crise apresentada pelo novo governo norte-americano.
O conjunto de medidas, embora ainda cercado de indefinições, é sem dúvida mais abrangente e incisivo do que as reações tímidas e desencontradas do governo Bush. Isso, por si só, é um fator favorável à redução da incerteza.
Mas a escalada da crise não dá trégua: renovam-se, agora, os temores quanto à solvência de grandes bancos americanos.


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