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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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PAINEL DO LEITOR

ONU
"Se ainda houver algum vestígio de dignidade na Organização das Nações Unidas, ela deverá deixar imediatamente sua sede atual e procurar outro país para instalar-se. É inimaginável que os delegados nacionais reunidos em seu plenário atual tenham autoridade moral para deliberar sobre qualquer assunto no prédio onde hoje funciona a ONU. Os Estados Unidos, depois dos maciços bombardeios de sexta-feira, provam que não vêem limites no desrespeito ao direito internacional. Dizem que querem democracia no Iraque. Nesse passo, quando irão atacar a Arábia Saudita e outros tantos países que volta e meia horrorizam a Anistia Internacional?"
Maurício Maia (São Paulo, SP)

Choque e pavor
"Como soldados podem se empenhar entusiasticamente numa ofensiva de nome "choque e pavor'? Certamente foram vítimas de uma lavagem cerebral para servir os senhores da guerra. E estes, no calor de seus palácios, brincam com seus soldados fantoches, pouco se importando com o lago de sangue dos inocentes que se vai formando. Isso sim é choque e pavor!"
Marcelo Henrique Simoni (Maringá, PR)

Discurso da imprensa
"A mídia tem usado ostensivamente a palavra "aliados" para referir-se às forças anglo-americanas de ataque ao Iraque. Sabe-se que essa iniciativa ocorreu sem a anuência da ONU e a despeito de inúmeros protestos no mundo todo. Assim, a adoção da palavra "aliados", associada positivamente à campanha da Segunda Guerra Mundial, não seria apenas uma atitude servil de reprodução de linguagem mercadológica de interesse anglo-americano?"
Helenice Jane Cote Gil Coury (São Carlos, SP)

Bombas inteligentes
"Chamar uma bomba de "inteligente" é o maior eufemismo da história. É uma ofensa a todos os seres inteligentes do mundo. É triste vê-las chover em Bagdá, uma das jóias da humanidade. É hipócrita a retórica de preservação do patrimônio da humanidade adotada quando o Taleban destruiu as imagens de Buda no Afeganistão. O que vemos em Bagdá é infinitamente mais estúpido. É cínica a retórica de mundo livre, liberdade ou democracia na boca desses cavaleiros do apocalipse."
Renato Barbieri (Brasília, DF)

Outra visão
"Milhões marcharam "contra a guerra e pela paz na Europa" enquanto a Alemanha nazista se armava em violação ao Tratado de Versalhes e engolia a Tchecoslováquia. Assim também foi contra a campanha para acabar com a ocupação do Kuait pelo Iraque. Mas ninguém marchou contra essa ocupação nem pelos milhares de muçulmanos trucidados por Milosevic na Bósnia. Paulo Coelho concede que, entre outros "detalhes", Saddam Hussein é um ditador sanguinário, e milhões de iraquianos oprimidos, bem como iranianos e kuaitianos mortos e brutalizados, agradecem a breve deferência."
Zeeiv Amitay (Nova York, EUA)

Releitura
"Todos os dias, ao abrir os jornais, tenho encontrado artigos, colunas, reportagens e notas com um mesmo direcionamento: o governo do PT está repetindo as ações do governo FHC. Será isso mesmo? Será que pessoas tão sérias como os notáveis do PT, que há anos vêm protestando contra todos os atos dos governos anteriores, não têm alguma carta escondida na manga? É difícil esquecer a expressão séria e o cenho franzido do senador Mercadante indignado com a indicação de Armínio Fraga para o Banco Central. Raposa tomando conta de galinheiro! Foi alguma coisa desse calibre que ele disse. Depois de muito pensar, chego a uma conclusão: é óbvio que a atitude do PT não é copiar a política do PSDB. Embora tudo pareça igual, há uma sutileza. Está ocorrendo o que os críticos de arte chamam de "releitura". É isso. O PT está fazendo uma releitura do governo do PSDB. Não por falta de opções ou por incompetência. Simplesmente por razões estéticas. É só olhar quem está no poder. A cúpula petista é constituída por homens de notória experiência administrativa, reconhecida flexibilidade política e fina sensibilidade artística. No entanto é sempre bom lembrar que o mercado permite ao artista a liberdade de fazer releituras apenas por algum tempo. Depois é preciso desenvolver estilo próprio sob pena de desvalorização ou exclusão."
Sidney Borges (Ubatuba, SP)

Transgênicos
"O leitor Marcelo Giordan ("Painel do Leitor", 19/3) questiona o descumprimento da lei dos transgênicos e a conivência de um ministro de Estado com essa atitude. A resposta a essa pergunta é que os legisladores brasileiros insistem em leis demagógicas e ideológicas para agradar às pessoas com menos luzes (quem não se lembra da lei dos juros máximos de 12% ao ano?). O Brasil, até hoje, não conseguiu sequer impedir o plantio e a comercialização da maconha, atividades criminosas. Como vai conseguir impedir a plantação e a comercialização de um produto aparentemente idêntico ao produto legal?"
Carlos Antônio Anselmo Guimarães (Curitiba, PR)

Drogas
"O artigo "Vamos falar sobre drogas" ("Tendências/Debates", 16/3), de Giovanni Quaglia, representante da ONU, deu-nos uma excelente visão de como a sua organização está encarando a questão da dependência química. É alvissareiro perceber que há uma tendência a encarar a questão das drogas lícitas com a importância que elas merecem, além de ampliar os investimentos em prevenção. O grande problema é que a sociedade brasileira já mostrou, em 2001, que não gosta de discutir o assunto -pelo menos não com a profundidade que ele merece. Quando a CNBB lançou a Campanha da Fraternidade daquele ano, com o lema "Vida sim, drogas não", esperava-se que houvesse uma ampla discussão sobre o assunto. No entanto, poucas pessoas se lembram daquele momento, que não teve quase nenhuma consequência em relação à problemática das drogas. Há que se ressalvar que o material elaborado pela CNBB para servir de guia nas discussões em todas as cidades brasileiras foi de excelente qualidade, abordando o tema com total propriedade."
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)

ABL
"Finalmente podemos comemorar de verdade a eleição de um membro para a Academia Brasileira de Letras. O professor Alfredo Bosi, com sua erudição e dedicação à literatura, fez com que uma geração inteira se aproximasse dos grandes escritores brasileiros. Depois de aturarmos tantos políticos e homens poderosos tornando-se "zumbis", parabenizo a Academia pela escolha de um verdadeiro imortal."
Otelo Rigato Júnior (São Paulo, SP)


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