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ELIANE CANTANHÊDE
Fim do mundo
BRASÍLIA - O prefeito de Ribeirão Preto vira ministro da Fazenda e, ato
contínuo, sua turma esquisita da prefeitura aluga uma mansão na capital
da República por módicos R$ 15 mil
mensais. Um dos inquilinos, de nome
Buratti, já foi até preso por andar
aprontando por aí, mas o Planalto
acha tudo naturalíssimo.
A CEF quebrou ilegalmente o sigilo
bancário do cidadão Francenildo,
um caseiro que ousou testemunhar
contra o poderoso ministro da Fazenda. É uma violência do Estado à
Constituição do Brasil.
Os desembargadores de Minas fizeram greve de um dia contra o estabelecimento de um limite para seus salários, mesmo depois de o Judiciário
ter aprovado a volta da contribuição
previdenciária para os aposentados.
O Exército é acusado de negociar
com o Comando Vermelho, uma das
mais deletérias organizações criminosas do país, para obter de volta armas roubadas de um quartel no Rio.
O Supremo Tribunal Federal não
pára de interferir diretamente nas
decisões do Congresso e é diariamente acusado de infringir uma das mais
elementares normas constitucionais:
a independência entre os Poderes.
Para completar, o Superior Tribunal de Justiça mete a mão numa decisão interna de um partido político,
impedindo a realização de prévias
formais do PMDB.
No frigir dos ovos, tanto o presidente do Supremo, Nelson Jobim, como o
do STJ, Edson Vidigal, trocam a toga
por uma legenda, ansiosos para disputar eleições. Num dia, Vidigal interfere num partido. No dia seguinte,
filia-se a outro para concorrer ao governo do Maranhão.
Delúbio Soares reclama na Justiça o
ressarcimento de R$ 200 mil por uma
pergunta de concurso público com
um personagem chamado Delúbio
que não era flor que se cheirasse. De
réu, passa a ser vítima.
Enquanto isso, o Congresso continua absolvendo "mensaleiros" .
Não há uma "CPI do Fim do Mundo", há o próprio fim do mundo.
@ - elianec@uol.com.br
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