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PLÍNIO FRAGA
Auto-engano petista
RIO DE JANEIRO - O PT contabilizou que 5.418 filiados deixaram a legenda em 2005, o ano do "mensalão".
Outras 29.583 pessoas decidiram se
filiar no mesmo período. O partido
vende a idéia de que saiu mais forte
da crise do que entrou. Bom exemplo
de auto-engano, e não o único.
Números dizem o que quisermos,
desde que bem torturados. Pode-se
dizer que 5.418 pessoas deixaram o
PT indignadas com a falta de sintonia entre o discurso ético e sua prática e que 29.583 novos filiados viram
possibilidade de ascensão profissional ao tentar iniciar uma carreira de
Delúbio. Querem enriquecer.
O PT tem acumulado exemplos de
desconexão com o mundo real. Seu
Diretório Nacional aprovou, no sábado, um texto de análise política
que se aproxima do devaneio. Fala
que PSDB e PFL foram "surpreendidos" pela "capacidade de reação" petista. Que reação? Desde a crise do
"mensalão", o PT se enrolou cada vez
mais e está desmilingüindo nos movimentos sociais que lhe deram origem.
Prosseguem os marcianos -só podem ser de outro mundo- que escreveram a análise petista: "Por isso,
(PSDB e PFL) retomaram a fúria denuncista, tentando levar novamente
as atenções para esse campo, pois
avaliam que perdem no campo programático e na comparação de governos", diz o texto.
Denuncismo, não! Esse sempre foi
um bordão de corruptos e corruptores. Hoje está impregnando os antes
apenas chatos documentos internos
do PT. O caixa dois petista é fruto de
denuncismo? E o dinheiro desviado
de contratos públicos? E os carros importados e depósitos no exterior?
O PT precisa de um choque de realidade. Mas é cada vez mais difícil esperar que isso ocorra, como mostra o
exemplo do presidente Lula. Num
dia, aparece tocando tambor, noutro
coloca um cocar na cabeça, como se
vivesse na ilha da fantasia. Falta a
Lula um indicador que lhe mostre o
caminho para escapar da lama que
cerca o Planalto.
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