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ELIANE CANTANHÊDE
A falta que a CPI faz
BRASÍLIA - Há "fatos determinados" que justifiquem a CPI do Apagão Aéreo? Aos borbotões: o maior
acidente da aviação brasileira, o sistema de tráfego aéreo, o treinamento e as condições de trabalho dos
controladores, o despreparo das
companhias aéreas, o aumento da
demanda, a novidade das panes sucessivas e até o surpreendente blecaute no aeroporto da capital da República. É pouco?
Apesar disso, tudo o que governo
e oposição discutiram aos berros
durante as disputas em torno da
CPI do Apagão foi.. a Infraero, que
cuida de infra-estrutura de aeroportos e praticamente não tem nada a ver com tráfego aéreo.
Uma coisa é apurar desvio, ou
suspeita de desvio de dinheiro público em obras físicas nos aeroportos. Outra, bem diferente e até mais
grave, é investigar o aparente colapso do sistema aéreo brasileiro, que
parecia tão eficiente. O "apagão" é
isso, não é obra da Infraero.
Ou seja: a CPI foi mal conduzida.
Com uma oposição como essa, Lula
nem precisaria dar cinco ministérios ao PMDB e papear com Collor.
O apagão se arrasta há meses, a CPI
não sai, e Lula continua alardeando
aos quatro ventos que "nunca antes
neste país" se viu governo melhor.
Mas, com ou sem CPI, com ou
sem oposição, o governo terá que
dar resposta a perguntas que não
querem calar sobre as panes que
atingem o Cindacta-1, de Brasília, e
o Cindacta-2, de Curitiba, afetando
milhares de passageiros.
Ou há imperícia, ou os equipamentos estão podres, ou foi sabotagem -que é improvável, mas não
impossível. Alguma coisa ocorre e
não está clara.
Quanto à Infraero: a oposição
saiu do eixo e perdeu tempo, pois as
investigações já ganharam dinâmica própria em auditorias internas,
no TCU, no Ministério Público.
Com ou sem CPI, as obras dos aeroportos já estão sendo mais do que
reviradas. E, sem CPI, o apagão aéreo não só fica como tende a virar
rotina. Se é que já não virou.
elianec@uol.com.br
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