São Paulo, sexta, 23 de maio de 1997.



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RODÍZIO DE NOVO

A Assembléia Legislativa finalmente aprovou a lei que autoriza o governo a implantar, nos anos de 1997 e 1998, o rodízio de carros na região metropolitana de São Paulo.
A idéia é, dadas as dificuldades para a dispersão de poluentes comuns durante o inverno, tornar mais aceitáveis os índices de qualidade do ar. O efeito colateral e positivo, que se verificou durante o rodízio de 1996, foi a substancial melhoria do trânsito, uma vez que, em tese, a Grande São Paulo fica com sua frota reduzida em cerca de 20% nos dias úteis.
O entusiasmo com a melhoria no trânsito foi tanto que houve quem sugerisse a adoção do rodízio durante o ano todo. A experiência mexicana revela que, sendo o rodízio permanente, a população passa a encontrar formas de burlá-lo -comprando, por exemplo, um outro carro, por vezes mais velho e poluente, para circular nos dias em que o seu veículo de uso constante está impedido de fazê-lo. Tudo indica que o rodízio deve ser apenas uma medida emergencial e temporária.
A solução para o trânsito está em convencer o cidadão (e sobretudo fornecer as condições objetivas para isso) de que vale a pena deixar seu carro em casa e optar pelo transporte público de qualidade. O Metrô, por exemplo, não polui e é alternativa rápida e segura à locomoção em veículos particulares. Ampliar a rede metroviária, que hoje conta com apenas 43 km, é um imperativo.
Outras medidas contra a poluição -como a adoção de regras mais rígidas na emissão de partículas poluentes por veículos automotores- estão, infelizmente, sendo procrastinadas das mais diversas formas.
Não se trata, é óbvio, de nenhum ovo de Colombo, mas a experiência internacional é pródiga em demonstrar que o trânsito só melhora efetivamente quando existe bom transporte coletivo. Todo o resto são meros paliativos de eficácia duvidosa, ainda que possam tornar o ar da cidade um pouco mais respirável durante os meses de inverno.



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