São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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Farra esportiva

O que se temia está em curso. A organização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 transforma-se em oportunidade para aproveitadores, com a tolerância do governo federal.
É o que se infere das medidas provisórias editadas pelo Executivo que, entre outras providências, dispensam a Infraero de realizar licitações para escolher empresas responsáveis pela reforma e ampliação dos aeroportos, com vistas aos dois eventos. Estima-se em mais de R$ 4 bilhões o dinheiro público a ser investido nas obras.
É um alívio que importantes centros urbanos do país ganhem aeroportos melhores. Mas empreendimento tão amplo e custoso precisaria ser submetido a controles rigorosos.
O mínimo a esperar era que autoridades e governantes, encarregados de zelar pelo bem público, criassem dificuldades, e não facilidades, para aqueles que aguardam com ansiedade a farra do dinheiro fácil e caudaloso, proveniente do bolso do contribuinte.
A senha para o desgoverno veio embutida no diploma que cria, por ato do poder central, a Autoridade Pública Olímpica (APO), um consórcio que une o poder federal ao Estado e ao município do Rio de Janeiro. A entidade, com a missão de administrar projetos relativos aos jogos, já nasce com 496 vagas de emprego.
Para fechar o círculo, criou-se também a Empresa Brasileira de Legado Esportivo, uma entidade pública com personalidade jurídica de direito privado, cuja função é "prestar serviços" à APO.
Não é difícil perceber do que se trata: um arcabouço institucional destinado a conferir muita autonomia e pouca transparência aos gestores dos bilhões de reais que serão investidos nos dois eventos.


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