São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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CLÓVIS ROSSI

O caixão do continuísmo

SÃO PAULO - Luiz Carlos Bresser Pe reira cravou, na quinta-feira, com seu artigo nesta Folha, o último prego no caixão do terrorismo financeiro que diz que, ou se mantém a política econômica, ou o país vai à breca.
Bresser afirma justamente o contrário: "Existe a possibilidade de que a atual política macroeconômica seja mantida no futuro governo, não obstante os quatro principais candidatos afirmarem que vão mudá-la, porque é uma política que tem o apoio das próprias elites conservadoras do país e das agências multilaterais" (refere-se a FMI, Banco Mundial etc).
"Esta é uma perspectiva ainda mais preocupante, porque leva o país, a médio prazo, à insolvência."
Dificilmente seria possível achar alguém mais indicado e menos suspeito que Bresser Pereira para fazer tal análise. Além da qualificação intelectual (é professor de Economia na FGV-SP e de teoria política na USP), Bresser foi ministro do governo FHC duas vezes, é amigo do presidente, foi tesoureiro da sua segunda campanha e foi também o delegado pessoal de FHC para as reuniões da chamada "Terceira Via" (agora rebatizada de Governança Progressista).
Fica, pois, o leitor/eleitor informado por uma voz autorizada de que a escolha no dia 6 de outubro não é entre continuísmo ou caos, mas entre mudança ou o caos.
Ao eleitor -e só a ele- cabe escolher que tipo de mudança prefere entre as cinco que lhe são oferecidas (estou incluindo a do PSTU, que também pretende concorrer).
O que o eleitor já não tem é o direito de cair no conto do vigário de certas figuras do governo, da academia e do mercado, que acenam com o caos na hipótese de tudo não ficar como está.
Na Argentina, o governo eleito em 1999 fez o contrário do que Bresser recomenda agora para o Brasil. Deu no que deu. Errar é humano. Repetir o erro você sabe o que é.



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