|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NELSON MOTTA
Antes e depois da pugna
RIO DE JANEIRO - Uma das piores situações que um cronista pode
enfrentar numa Copa do Mundo é
-pressionado pelo fuso horário e
pelo fechamento da edição- ser
obrigado a escrever uma crônica
antes de um jogo do Brasil. Pior ainda quando a partida é decisiva e pode levar o time ao caminho do título
ou mandá-lo de volta para casa.
Graças a Deus não é o nosso caso,
posso escolher e explorar qualquer
assunto, entre os tantos que abundam pela cidade e pelo país, para
oferecer aos leitores no dia seguinte
à vitória, empate ou derrota do Brasil. O único problema, como o das
táticas, é combinar com o adversário, no caso, com todo respeito, o
leitor, que certamente não estará
interessado em nada que não seja o
jogo de ontem e pode estar eufórico, sorumbático ou nem querer falar de futebol. Ou ler jornal.
O rrrrrrelógio marrrrrrrca!
Ecoam na memória os locutores de
rádio em velhas Copas, descrevendo as vibrantes pugnas entre a seleção brasileira e o resto do mundo.
Adentrava o tapete verde o escrete
canarinho e seus craques da bola,
hoje entra o "mega-über-team" de
meio bilhão de dólares, cravejado
de estrelas, o coração bate mais acelerado, a crônica tem que ser interrompida bruscamente. A bola vai
rolar em Dortmund.
Duas horas depois, tudo mudou,
o leitor e o cronista estão felizes,
exultantes mesmo com a verdadeira estréia do Brasil na Copa, com
um show de bola cheio de dribles,
tabelas e gols, com tudo o que os
brasileiros gostam de ver em sua seleção.
Valeu toda a ansiedade e a expectativa para ver o renascimento de
um fenômeno e a fenomenal performance de Robinho, ganhando
seu lugar no time e nos corações
brasileiros.
Um das melhores situações para
um cronista numa Copa é ver um
jogo como este. E falar dele!
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: De pernas para o ar Próximo Texto: José Sarney: A bagunça eleitoral Índice
|