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Minipacotes
Governo age para dar fluidez ao crédito agrícola e às empresas menores; estímulo é mais difícil
no setor de máquinas
UMA NOVA rodada de
programas federais de
incentivo a setores
ainda afetados pela
crise está na praça. Entre medidas lançadas e prometidas para
logo, o objetivo é amparar as empresas menores, a agropecuária e
o segmento que produz máquinas e equipamentos, os chamados bens de capital.
Como a capacidade do governo
federal de abrir mão de receita
tributária -a fim de dar incentivos econômicos pontuais- chegou ao limite da responsabilidade fiscal, o recomendável é que, a
partir de agora, deixe de recorrer
a esse mecanismo. Os minipacotes em tela, embora ainda falte
informação sobre alguns deles,
parecem respeitar essas limitações. Optam pelo incentivo ao
crédito bancário.
Apesar da volta paulatina dos
empréstimos às pessoas físicas,
depois do tombo de setembro do
ano passado, as operações com
micro e pequenas empresas continuam restritas e caras. Levantamento do Sebrae-SP, publicado ontem nesta Folha, mostra
que 42% dos pequenos empresários reportam dificuldades para
conseguir empréstimos.
O surto de pânico que acometeu as instituições financeiras
passou, mas desse trauma restou
um padrão bem mais criterioso,
da parte dos bancos, na concessão de empréstimos. Grandes
empresas, capazes de oferecer
mais garantias de pagamento,
sofrem menos. Para as companhias menores, mais afetadas, o
governo há duas semanas criou,
por medida provisória, fundos
que na prática farão as vezes de
avalistas de empréstimos tomados por essa categoria de firmas.
A ideia do Planalto, agora, é repetir o modelo na agricultura, e
instituir ali um fundo de aval.
Normalizar a oferta de crédito
nesse setor certamente trará benefícios na próxima safra -embora questões bem mais decisivas para a agricultura, como o
estabelecimento de um seguro
com regras claras e escala nacional, continuem pendentes.
Dentre as iniciativas enunciadas pelo governo, encontrar uma
fórmula que ajude a indústria de
máquinas é decerto a tarefa mais
difícil. Com a recessão mundial,
sobra capacidade produtiva nas
empresas, que suspendem seus
planos de investimento. Nessa
cadeia de eventos, a indústria de
bens de capital é imediata e violentamente atingida.
Trata-se, assim, de um problema de demanda, a qual medidas
de governo dificilmente terão
condições de, diretamente, incentivar. Se houvesse ajustado
suas contas no momento de euforia econômica, a União estaria
em condições de aumentar rápida e substancialmente suas despesas com investimentos em infraestrutura agora. Esse seria o
melhor meio de incentivar a procura por bens de capital.
Sem tal carta na manga, a margem de ação do Planalto fica bem
mais restrita.
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