São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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Editoriais

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Minipacotes

Governo age para dar fluidez ao crédito agrícola e às empresas menores; estímulo é mais difícil no setor de máquinas

UMA NOVA rodada de programas federais de incentivo a setores ainda afetados pela crise está na praça. Entre medidas lançadas e prometidas para logo, o objetivo é amparar as empresas menores, a agropecuária e o segmento que produz máquinas e equipamentos, os chamados bens de capital.
Como a capacidade do governo federal de abrir mão de receita tributária -a fim de dar incentivos econômicos pontuais- chegou ao limite da responsabilidade fiscal, o recomendável é que, a partir de agora, deixe de recorrer a esse mecanismo. Os minipacotes em tela, embora ainda falte informação sobre alguns deles, parecem respeitar essas limitações. Optam pelo incentivo ao crédito bancário.
Apesar da volta paulatina dos empréstimos às pessoas físicas, depois do tombo de setembro do ano passado, as operações com micro e pequenas empresas continuam restritas e caras. Levantamento do Sebrae-SP, publicado ontem nesta Folha, mostra que 42% dos pequenos empresários reportam dificuldades para conseguir empréstimos.
O surto de pânico que acometeu as instituições financeiras passou, mas desse trauma restou um padrão bem mais criterioso, da parte dos bancos, na concessão de empréstimos. Grandes empresas, capazes de oferecer mais garantias de pagamento, sofrem menos. Para as companhias menores, mais afetadas, o governo há duas semanas criou, por medida provisória, fundos que na prática farão as vezes de avalistas de empréstimos tomados por essa categoria de firmas.
A ideia do Planalto, agora, é repetir o modelo na agricultura, e instituir ali um fundo de aval. Normalizar a oferta de crédito nesse setor certamente trará benefícios na próxima safra -embora questões bem mais decisivas para a agricultura, como o estabelecimento de um seguro com regras claras e escala nacional, continuem pendentes.
Dentre as iniciativas enunciadas pelo governo, encontrar uma fórmula que ajude a indústria de máquinas é decerto a tarefa mais difícil. Com a recessão mundial, sobra capacidade produtiva nas empresas, que suspendem seus planos de investimento. Nessa cadeia de eventos, a indústria de bens de capital é imediata e violentamente atingida.
Trata-se, assim, de um problema de demanda, a qual medidas de governo dificilmente terão condições de, diretamente, incentivar. Se houvesse ajustado suas contas no momento de euforia econômica, a União estaria em condições de aumentar rápida e substancialmente suas despesas com investimentos em infraestrutura agora. Esse seria o melhor meio de incentivar a procura por bens de capital.
Sem tal carta na manga, a margem de ação do Planalto fica bem mais restrita.


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