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FERNANDO RODRIGUES
Chile, Brasil e Colômbia
BRASÍLIA - Quando a oposição ganhou a eleição no Chile, em janeiro
último, logo surgiram as teses do
"eu sou você amanhã". A presidente chilena Michelle Bachelet era
muito popular. Ainda assim, não
houve transferência de votos para o
candidato governista. Por analogia, no Brasil também não ocorreria
a transposição de prestígio.
Agora, na Colômbia, deu-se um
cenário oposto. O governo de Álvaro Uribe estava com altas taxas de
popularidade. Nas urnas no domingo, um ministro uribista ganhou o
cargo de presidente.
O Brasil tem um presidente com
popularidade na estratosfera. Dilma Rousseff, candidata de Lula,
pode ter uma saída chilena (derrotada) ou vitoriosa (colombiana).
Ontem, Cesar Maia comparou as
conjunturas de Chile e Colômbia.
Filiado ao Democratas, Maia é um
dos principais analistas políticos
da oposição. Para ele, não poderia
ser diferente, o Brasil está mais para Chile do que para Colômbia.
Na visão de Cesar Maia, no Chile
há estabilidade política e econômica. A população deu-se ao luxo de
experimentar uma alternância no
poder. Já na Colômbia, país ainda
conflagrado por causa do narcotráfico, a decisão do eleitorado tomou
o rumo da continuidade.
O argumento de Maia não é ruim.
É incompleto. Embora as popularidades de Lula e de seus congêneres
na Colômbia e no Chile sejam altas,
as economias desses países estão
em momentos distintos.
A taxa de desemprego no Brasil
está em queda há anos. No Chile,
subiu no período eleitoral. O PIB
brasileiro aproxima-se de um recorde, mesmo tendo recuado 0,1% no
ano passado. O tombo chileno foi
de 1,5% em 2009. Na Colômbia,
com crise internacional e tudo, a
economia continuou a avançar.
Essa é a comparação. As economias de Brasil e Colômbia estão
exuberantes. No Chile, apesar da
estabilidade, há um claro sinal de
fadiga de material. A sensação de
bem-estar faz toda a diferença.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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