São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

Próximo Texto | Índice

BOLSA MURCHA

Além da desconfiança na veracidade de suas demonstrações financeiras, a WorldCom enfrentou uma acentuada retração nos preços dos serviços de telefonia e transmissão de dados via internet. O seu pedido de concordata, em meio a perspectivas de lucro menores das corporações em geral, desencadeou novo ciclo de queda nas Bolsas mundiais.
Os números da WorldCom são impressionantes: ativos em torno de US$ 107 bilhões, dívidas de US$ 32 bilhões, maquiagem contábil de US$ 3,8 bilhões. A cotação das ações atingiu US$ 64 no final de 1999, mas caiu para US$ 0,09 na sexta-feira passada. A insolvência da gigante de telecomunicações tomou o lugar da Enron como a maior concordata da história dos Estados Unidos.
Com a concordata, o controle da empresa passa para os bancos e os portadores de títulos que financiaram sua expansão. Os detentores de suas ações devem amargar pesados prejuízos. Bancos, fornecedores e outras companhias de telecomunicações devem reelaborar suas estratégias de expansão. Tudo isso pode agravar a instabilidade do mercado financeiro internacional e desacelerar a economia mundial.
O processo de desvalorização das ações, na magnitude com que tem ocorrido nos Estados Unidos e na Europa, exige que os principais bancos centrais permaneçam alerta. Há necessidade de apoiar a mudança na composição dos portfólios de bancos, fundos de investimento e fundos de pensão, para suavizar a queda nas cotações e conter as perdas patrimoniais. Caso contrário, pode generalizar-se um comportamento de irracional pessimismo entre os investidores, derrubando os preços de todos os ativos financeiros.
O Federal Reserve, banco central dos EUA, já efetuou cortes agressivos nas taxas de juros. O Banco Central Europeu (BCE) ainda tem margem de manobra. A taxa de juros na região do euro está em 3,25%, acima, portanto, da taxa americana, situada em 1,75%. Neste momento, o BCE, como pedem muitos analistas, poderia sinalizar uma indicação de apoio aos mercados mediante uma redução na taxa de juros e, com o apoio do Federal Reserve, fornecer crédito para os diferentes agentes.



Próximo Texto: Editoriais: MENSAGEM DE FUNDO
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.