São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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MENSAGEM DE FUNDO

Gerou boas expectativas a vinda ao Brasil da vice-diretora do Fundo Monetário Internacional, Anne Krueger. Houve uma interpretação, pelo menos precipitada, de que a visita de Krueger -bem como a de Paul O'Neill (secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que também deve vir ao país em breve)- seria um sinal de que o FMI estaria disposto a emprestar mais dinheiro ao país.
Na verdade, a diretora do Fundo não veio ao Brasil numa missão extraordinária, mas para, por exemplo, participar de um seminário de econometria. E a vinda de Paul O'Neill ao Brasil, como lembrou ontem o colunista desta Folha Vinicius Torres Freire, não soa em nada "especial" para quem acaba de passar por Uzbequistão e Quirguistão e, depois, segue para a Argentina.
Com o foco da crise se deslocando para o centro financeiro mundial, assuntos referentes a países emergentes (mesmo os de peso regional) devem passar do segundo para o terceiro plano na ordem de preocupações do governo americano.
A gestão George W. Bush provou no caso da Argentina que demonstrar simpatia por autoridades do país em crise não significa desembolsar dólares. Os republicanos da área econômica de Bush, os "falcões" das finanças, já antes do 11 de setembro e da crise nas Bolsas, deixavam claro que não pretendiam repetir os grandes aportes para emergentes que caracterizaram a era Clinton.
Agora, quando os gastos militares e a desaceleração da economia americana levaram o governo a ampliar a sua dívida, ficará ainda mais difícil convencer as autoridades e a opinião pública dos EUA de que deveriam ajudar países "submergentes" a superar crises financeiras.
Se há uma mensagem de fundo que duas das principais autoridades financeiras do planeta estão transmitindo, ela não é das melhores para países como o Brasil, altamente endividados em moeda estrangeira.



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