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MENSAGEM DE FUNDO
Gerou boas expectativas a vinda ao Brasil da vice-diretora do
Fundo Monetário Internacional, Anne Krueger. Houve uma interpretação, pelo menos precipitada, de que
a visita de Krueger -bem como a de
Paul O'Neill (secretário do Tesouro
dos Estados Unidos, que também
deve vir ao país em breve)- seria um
sinal de que o FMI estaria disposto a
emprestar mais dinheiro ao país.
Na verdade, a diretora do Fundo
não veio ao Brasil numa missão extraordinária, mas para, por exemplo,
participar de um seminário de econometria. E a vinda de Paul O'Neill
ao Brasil, como lembrou ontem o colunista desta Folha Vinicius Torres
Freire, não soa em nada "especial"
para quem acaba de passar por Uzbequistão e Quirguistão e, depois,
segue para a Argentina.
Com o foco da crise se deslocando
para o centro financeiro mundial, assuntos referentes a países emergentes (mesmo os de peso regional) devem passar do segundo para o terceiro plano na ordem de preocupações
do governo americano.
A gestão George W. Bush provou
no caso da Argentina que demonstrar simpatia por autoridades do país
em crise não significa desembolsar
dólares. Os republicanos da área
econômica de Bush, os "falcões" das
finanças, já antes do 11 de setembro e
da crise nas Bolsas, deixavam claro
que não pretendiam repetir os grandes aportes para emergentes que caracterizaram a era Clinton.
Agora, quando os gastos militares
e a desaceleração da economia americana levaram o governo a ampliar a
sua dívida, ficará ainda mais difícil
convencer as autoridades e a opinião
pública dos EUA de que deveriam
ajudar países "submergentes" a superar crises financeiras.
Se há uma mensagem de fundo
que duas das principais autoridades
financeiras do planeta estão transmitindo, ela não é das melhores para
países como o Brasil, altamente endividados em moeda estrangeira.
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