São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Provas na universidade
"Com relação à coluna de anteontem de Elio Gaspari ("A professora reprovada anulou a prova", Brasil, pág. A10), esclareço, em primeiro lugar, que escrevo como presidente do Conselho Universitário da Universidade Federal de São Carlos (ConsUni), instância decisória máxima desta e de qualquer universidade pública brasileira. O ConsUni é formado por representantes eleitos das comunidades interna e externa à Universidade Federal de São Carlos, que têm assegurados os direitos de voz e voto a respeito das questões aí tratadas. A decisão do conselho a respeito do recurso que é objeto do artigo de Gaspari pautou-se pelos procedimentos regimentais e legalmente previstos, pelo parecer de comissão constituída para o exame do processo em pauta e por discussão realizada pelos representantes da comunidade no ConsUni. O conselho não emitiu nenhum juízo a respeito da competência da banca ou dos candidatos envolvidos. No exame do recurso, foram considerados os procedimentos adotados e as decisões tomadas pelas instâncias envolvidas na proposição e na realização do concurso público para contratação docente nesta instituição. Temos cumprido, com seriedade e rigor, nossas mais árduas atribuições. Não nos temos furtado a encarar nossas tarefas e buscamos garantir o respeito pelos direitos daqueles que participam das atividades na UFSCar. Nossa conduta nos tem permitido resguardar a excelência acadêmica e, com igual relevo, garantir a lisura dos procedimentos institucionais. O texto publicado pela Folha reporta-se a apenas alguns entre os vários aspectos do nosso longo e cuidadoso processo de análise do recurso. Compreendemos que tão pequeno espaço dificulta análises rigorosas e propicia desvios nos esclarecimentos a que os leitores têm direito. Discordamos, entretanto, da veiculação de interpretações que comprometem a difícil tarefa de bem informar daqueles que assumiram tal atribuição. Finalmente, cabe ressaltar: se por um lado as universidades são frequentemente acusadas de corporativas, por outro são atacadas quando atuam de modo a resguardar o direito dos cidadãos. Informo aos interessados que o ato do conselho está disponível no endereço http://www.ufscar.br/soc."
Oswaldo Baptista Duarte Filho, presidente do Conselho Universitário da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos, SP)

Mortalidade infantil
"Sobre a reportagem "Estudo revela falha em taxa de bebês mortos" e suas sub-retrancas (Cotidiano, página C6, 18 de julho), o ministro da Saúde esclarece: a pesquisa foi encomendada pelo ministério não só para identificar as falhas na coleta de dados sobre mortalidade infantil, mas para permitir a correção das distorções. Conhecendo os desvios, é possível orientar, de maneira mais adequada, as políticas de saúde pública. É bom esclarecer que nunca houve nenhuma "desconfiança" das estimativas feitas pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apenas procuramos, com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e do Imip (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), desenvolver novas metodologias, para tornar as estimativas mais precisas. O IBGE se baseia em dados do Censo para projetar a tendência da taxa nos anos subsequentes. Com isso, há o risco de superestimar esses índices. Esforços vêm sendo realizados para reduzir as subnotificações de óbitos infantis. Um exemplo é o trabalho feito pelos agentes comunitários de saúde, no Norte e no Nordeste, entre dezembro de 2001 e janeiro de 2002. Os profissionais identificaram 2.000 óbitos. Os registros receberam acréscimos nas estimativas que o Ministério da Saúde possui sobre a mortalidade infantil nessas regiões."
Raul Pilati, assessor de imprensa do Ministério da Saúde (Brasília, DF)

Verbas para a saúde
"Segundo Renilson Rehem de Souza, secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde (Cotidiano, pág. C3 de ontem), o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP recebe por mês do ministério, via Secretaria Estadual da Saúde, R$ 11,3 milhões. Ele tem 2.300 leitos. A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, com 2.700 leitos, 100% no SUS (Sistema Único de Saúde), recebe do ministério, por meio da secretaria estadual, R$ 2,5 milhões. Outra face da discriminação contra o SUS?"
Eduardo Jorge, secretário municipal da Saúde (São Paulo, SP)

Candidatos à Presidência
"Lendo o texto sobre os números da inflação e a alta dos preços nos oito anos de real (Dinheiro, pág. B5 de ontem), não pude evitar que o pessimismo me atacasse. Dos candidatos a presidente que temos, um prega o continuísmo, pois é o candidato oficial; outro não sabe, mas não está mais falando numa assembléia de grevistas; e nem consigo classificar os restantes, pois não representam nada nem têm programa de governo. É de extremo pesar que o Brasil, com um potencial enorme de crescimento, viva sob essa mediocridade dos governantes e da elite descompromissada."
Wasny Eliphaz Paulo de Oliveira (Jacareí, SP)

Estação espacial
"O editorial "Para o espaço" (Opinião, pág. A2 de ontem) mostra-se alheio à ética na gestão dos recursos naturais e humanos do planeta ao afirmar que nada há de errado na justificativa romântica para a Estação Espacial Internacional (ISS), desde que admitida e custeada pelas partes envolvidas. Enquanto uma parte da humanidade quer satisfazer "desejos românticos", outra, muito maior, busca satisfazer as necessidades mais básicas para sua sobrevivência."
Thiago Barison de Oliveira (São Paulo, SP)

O biquíni de Gisele
"Anos atrás, nos EUA, Nelson A. Rockefeller provocou um enorme frisson na campanha para o governo de Nova York. Ele pegou uma modelo -a Gisele Bündchen da época- e no umbigo dela colocou um pequeno coração, com a frase "I Love Nelson". Rockefeller conquistou o eleitorado e foi reeleito governador. Logo, não considero uma ofensa à memória de Che Guevara que Gisele apareça com um biquíni que reproduz sua imagem. Quem dera nossos marqueteiros se emendassem e colocassem no horário político algumas beldades. Só assim o público não mudará de canal."
José Augusto Figueiredo Affonso (Belém, PA)

Televisão e ética
"O artigo "O naufrágio da ética", de Jorge da Cunha Lima (Opinião, pág. A3 de ontem), mostra a faca de dois gumes que é a televisão. Por um lado, vemos hoje uma TV improfícua e inócua para o desenvolvimento do ser humano; por outro, a utilização desse poderoso mecanismo para reverter essa calamidade".
Cláudio Faria Leite (Divinópolis, MG)



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