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OCUPAÇÃO PRIVATIZADA
De acordo com reportagem
publicada ontem pela Folha, o
governo dos Estados Unidos deverá
anunciar, nos próximos dias, o nome da empresa que assumirá a tarefa
de estruturar e gerir a economia do
Iraque. A ela caberá emitir moeda,
organizar o sistema bancário, vender estatais e estabelecer taxas de juros, entre outras atribuições.
Dez companhias participam da licitação, cujo valor é estimado em
US$ 200 milhões. Em concorrência
anterior, para obras de infra-estrutura no território iraquiano, um grupo da Califórnia fechou contrato de
aproximadamente US$ 680 milhões.
O loteamento do Iraque pós-Saddam Hussein entre empresas -majoritariamente norte-americanas e,
em vários casos, contribuintes da
campanha presidencial de George
W. Bush- vem somar-se à privatização de segmentos da operação militar propriamente dita.
Na semana passada, o Pentágono
anunciou que pretende contratar
forças de segurança privadas para
proteger edifícios e instalações, liberando os soldados para melhor enfrentar a resistência. Texto publicado na segunda-feira pelo "New York
Times" mostra que essa providência, longe de inovar, apenas acrescenta um dado ao processo de "terceirização" de serviços militares.
Segundo o especialista que assina o
artigo, para cada dez soldados estacionados no Iraque há um funcionário de empresa militar privada, "versão contemporânea dos antigos
mercenários". Na Guerra do Golfo, a
proporção era de cem para um.
Estudiosos alertam para a carência
de leis que regulamentem a atuação
dessa atividade. A Halliburton, que
já empregou o vice-presidente Dick
Cheney, é hoje a principal responsável pela logística dos deslocamentos
das tropas em território iraquiano.
O Iraque, como se vê, serve de laboratório não apenas para as "ações
preventivas" da doutrina Bush como também para o privatismo radical defendido pelos neoconservadores no poder em Washington.
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