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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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OCUPAÇÃO PRIVATIZADA

De acordo com reportagem publicada ontem pela Folha, o governo dos Estados Unidos deverá anunciar, nos próximos dias, o nome da empresa que assumirá a tarefa de estruturar e gerir a economia do Iraque. A ela caberá emitir moeda, organizar o sistema bancário, vender estatais e estabelecer taxas de juros, entre outras atribuições.
Dez companhias participam da licitação, cujo valor é estimado em US$ 200 milhões. Em concorrência anterior, para obras de infra-estrutura no território iraquiano, um grupo da Califórnia fechou contrato de aproximadamente US$ 680 milhões.
O loteamento do Iraque pós-Saddam Hussein entre empresas -majoritariamente norte-americanas e, em vários casos, contribuintes da campanha presidencial de George W. Bush- vem somar-se à privatização de segmentos da operação militar propriamente dita.
Na semana passada, o Pentágono anunciou que pretende contratar forças de segurança privadas para proteger edifícios e instalações, liberando os soldados para melhor enfrentar a resistência. Texto publicado na segunda-feira pelo "New York Times" mostra que essa providência, longe de inovar, apenas acrescenta um dado ao processo de "terceirização" de serviços militares.
Segundo o especialista que assina o artigo, para cada dez soldados estacionados no Iraque há um funcionário de empresa militar privada, "versão contemporânea dos antigos mercenários". Na Guerra do Golfo, a proporção era de cem para um.
Estudiosos alertam para a carência de leis que regulamentem a atuação dessa atividade. A Halliburton, que já empregou o vice-presidente Dick Cheney, é hoje a principal responsável pela logística dos deslocamentos das tropas em território iraquiano.
O Iraque, como se vê, serve de laboratório não apenas para as "ações preventivas" da doutrina Bush como também para o privatismo radical defendido pelos neoconservadores no poder em Washington.


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