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A PRISÃO DOS JUROS
Como era esperado, o Comitê
de Política Monetária do Banco
Central (Copom) manteve inalterada
a taxa básica de juros em 16% ao ano.
Diante das elevações de preços verificadas na cadeia industrial, influenciadas pelo aumento das cotações do
petróleo e de algumas commodities,
o BC mantém-se em atitude cautelosa, temendo efeitos inflacionários
danosos. As projeções do mercado
sugerem que a inflação deste ano ficará mais próxima do limite superior
da meta (8%) do que de seu centro
(5,5%) e já causam apreensões quanto ao cumprimento do objetivo recentemente confirmado para o ano
que vem, de 4,5%, com margem de
2,5 pontos percentuais.
Nesse cenário, o BC vê-se condenado ao imobilismo. Ainda que seu padrão de comportamento pudesse sugerir um aumento dos juros para tentar conter a alta de preços, essa decisão parece, ao menos por ora, inviável, sob risco de se produzirem novos problemas no mundo político e
econômico. Ao mesmo tempo, cortar a taxa num quadro de pressões inflacionárias seria uma demonstração
de incoerência. O BC, então, espera.
E o faz numa situação que poderia
estar melhor, não fossem erros cometidos no passado.
Lamentavelmente, pensando-se no
futuro, as perspectivas da política
monetária não são animadoras: na
opinião de alguns analistas não é improvável uma alta da taxa básica no
ano que vem, a depender de alguns
fatores, como o ritmo do aumento
dos juros nos Estados Unidos.
O fato é que mais uma vez a taxa de
juros estaciona em nível elevado,
com reflexos negativos não apenas
na dinâmica da retomada do crescimento, mas também no endividamento público. O Tesouro Nacional
divulgou números que mostram um
aumento, em apenas 30 dias, de cerca de R$ 10 bilhões na dívida interna
em títulos do governo federal. De
maio para junho, o endividamento
subiu de R$ 748,38 bilhões para R$
758,19 bilhões. Segundo o Tesouro,
50,62% dos título em circulação são
corrigidos pela taxa básica de juros.
É uma situação difícil, que pode colocar por terra o esforço fiscal do governo e impedir que a relação entre a
dívida e o PIB diminua, como tanto
querem as autoridades econômicas.
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