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KENNETH MAXWELL
Subsídios
A COMISSÃO Europeia acaba
de publicar pela primeira
vez lista sobre quem, em
seus 27 países-membros, recebe os
53 bilhões anuais em subsídios da
organização à agricultura. A soma
anual representa mais de metade
do orçamento da União Europeia, e
é quatro vezes maior do que a assistência que os EUA oferecem aos
seus agricultores. Esses imensos
subsídios são bancados por tarifas
alfandegárias, impostos sobre as
vendas e contribuições dos países-membros da União em proporção à
sua renda. Em termos gerais, o
montante representa cerca de 110
ao ano para cada europeu.
Muitos dos beneficiários são
proprietários de terras e fazendeiros tradicionais. Era esse o objetivo do programa, ampliar a produção de alimentos e sustentar a renda dos agricultores diante das flutuações dos preços de mercado.
Mas, ao longo da década de 80, essa
política resultou no acúmulo de
"montanhas" de produtos agrícolas indesejados. O sistema foi reformado, então, para que passasse
a se basear na área sob cultivo e
não no volume produzido.
Os fazendeiros e os proprietários de terras continuam a se beneficiar dos 37,5 bilhões distribuídos como pagamentos individuais.
Um dos beneficiários é a rainha da
Inglaterra. No ano passado, a propriedade conhecida como Sandringham Farms, uma área de
8.000 hectares, se qualificou para
receber 473,5 mil libras em assistência agrícola da União Europeia.
O príncipe Alberto 2, de Mônaco,
recebeu mais de 500 mil em subsídios por suas plantações de trigo.
Mas os subsídios desvinculados
da terra aparentemente também
conduziram a abusos. O site Economist.com aponta para ascensão
de "falsos agricultores": proprietários de terras na Escócia arrendam
vastos trechos por valores nominais, o que permite que os investidores se declarem agricultores.
Análise conduzida pelos jornais
"New York Times" e "International Herald Tribune" demonstrou
que uma porcentagem substancial
dos subsídios da União Europeia
beneficia grandes empresas, bancos, destilarias de bebidas e muitas
entidades sem conexão direta para
com a agricultura. A França continua a ser o maior beneficiário e,
entre os maiores favorecidos, está
o Groupe Doux, uma gigantesca
empresa de processamento de carne de frango, que terceiriza a criação de galinhas para milhares de
pequenos produtores.
Não surpreende que todo esse
edifício de subsídios europeus seja
extremamente difícil de mudar.
Mas as distorções no comércio internacional dele resultantes prejudicam todos os contribuintes e ajudam a destruir o ganha-pão de
agricultores em alguns dos países
mais pobres do mundo.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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