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CRÉDITO CURTO
A crise cambial em que o Brasil
está imerso tem um ingrediente peculiar. Trata-se do fato de que
também está em retração a oferta de
créditos externos de curto prazo
-que vencem em menos de um ano
e financiam o comércio exterior.
Pode parecer um detalhe, mas não
é. Reverter esse processo é crucial.
Quanto maior e mais rápido o sucesso nesse esforço, maiores as chances
de o país superar a atual escassez de
dólares sem sequelas mais graves.
O corte do crédito externo de curto
prazo é um fenômeno atípico. Tão
atípico que as avaliações acerca do
volume de dólares que o país precisa
atrair para fechar suas contas externas não costumam levar em conta a
hipótese de que a dívida de curto prazo não seja integralmente renovada.
Mas, hoje, analisar as perspectivas
das contas externas sem levar em
conta a retração do crédito de curto
prazo pode levar a conclusões frágeis. Especificamente, os créditos recentemente concedidos pelo FMI,
pelo Banco Mundial e pelo BID podem parecer suficientes para garantir
a "travessia" do final de 2002 e boa
margem de manobra em 2003. Se,
porém, o crédito de curto prazo continuar em retração, essa conclusão
confortadora pode não se viabilizar.
O grosso do crédito de curto prazo
é ofertado por um número reduzido
de grandes bancos internacionais. É
com eles que o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, se reunirão na próxima semana, visando
convencê-los a retomar suas linhas
de crédito ao Brasil.
Os negociadores brasileiros enfrentarão um problema delicado de
coordenação, pois cada banco relutará em mudar de atitude se não estiver convencido de que seus concorrentes farão o mesmo. Por isso parece imprescindível o engajamento das
autoridades bancárias dos países ricos na discussão. Até porque a retração dos bancos privados se deveu em
parte a decisões dessas autoridades,
que em má hora endureceram os critérios de classificação do risco dos
empréstimos concedidos a economias emergentes.
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