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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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AJUSTE DEFENSIVO

Apesar das severas e bem conhecidas restrições impostas à atividade econômica, grandes empresas de capital aberto atuantes no Brasil têm conseguido apresentar resultados melhores comparativamente à situação em que se encontravam no encerramento do ano de 2002. É o que sugerem, ao menos, estudos recentes que analisam os balanços de corporações.
Em 2002, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a rentabilidade das 500 maiores sociedades anônimas tornou-se claramente negativa. Em boa medida, isso ocorreu porque o grau de endividamento atingiu o nível mais alto desde que o levantamento começou a ser realizado, em 1970. Já no primeiro semestre de 2003, de acordo com análise dos balanços de 124 empresas privadas não-financeiras realizada por esta Folha, a rentabilidade das empresas apresentou recuperação.
Pode-se afirmar que as fortes oscilações da cotação do dólar foram o fator comum que condicionou de maneira mais direta essa evolução dos resultados das empresas. A alta expressiva da taxa de câmbio em 2002 inflou fortemente o valor das dívidas externas e dos encargos sobre elas incidentes. O recuo do dólar ao longo de 2003 teve impacto inverso, aliviando de maneira significativa o peso dos compromissos externos sobre o balanço das empresas.
Outros fatores também colaboraram para a melhora dos resultados, como a contenção de investimentos e esforços visando reduzir custos -principalmente com salários, por meio de demissões e da contenção dos reajustes. Tais decisões, embora a curto prazo tenham reforçado a saúde financeira das empresas, não podem perdurar sem debilitar as perspectivas de crescimento delas próprias e da economia.
Uma retomada sustentada do crescimento econômico requer que as empresas transitem dessa atitude defensiva para a busca de maior produtividade e novas frentes de expansão, o que exigirá investimento. Para que isso possa ocorrer, será preciso que a política macroeconômica avance, oferecendo melhores condições para o investimento.


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