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AJUSTE DEFENSIVO
Apesar das severas e bem conhecidas restrições impostas à
atividade econômica, grandes empresas de capital aberto atuantes no
Brasil têm conseguido apresentar resultados melhores comparativamente à situação em que se encontravam
no encerramento do ano de 2002. É o
que sugerem, ao menos, estudos recentes que analisam os balanços de
corporações.
Em 2002, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a rentabilidade
das 500 maiores sociedades anônimas tornou-se claramente negativa.
Em boa medida, isso ocorreu porque
o grau de endividamento atingiu o
nível mais alto desde que o levantamento começou a ser realizado, em
1970. Já no primeiro semestre de
2003, de acordo com análise dos balanços de 124 empresas privadas
não-financeiras realizada por esta
Folha, a rentabilidade das empresas
apresentou recuperação.
Pode-se afirmar que as fortes oscilações da cotação do dólar foram o
fator comum que condicionou de
maneira mais direta essa evolução
dos resultados das empresas. A alta
expressiva da taxa de câmbio em
2002 inflou fortemente o valor das dívidas externas e dos encargos sobre
elas incidentes. O recuo do dólar ao
longo de 2003 teve impacto inverso,
aliviando de maneira significativa o
peso dos compromissos externos
sobre o balanço das empresas.
Outros fatores também colaboraram para a melhora dos resultados,
como a contenção de investimentos
e esforços visando reduzir custos
-principalmente com salários, por
meio de demissões e da contenção
dos reajustes. Tais decisões, embora
a curto prazo tenham reforçado a
saúde financeira das empresas, não
podem perdurar sem debilitar as
perspectivas de crescimento delas
próprias e da economia.
Uma retomada sustentada do crescimento econômico requer que as
empresas transitem dessa atitude defensiva para a busca de maior produtividade e novas frentes de expansão,
o que exigirá investimento. Para que
isso possa ocorrer, será preciso que a
política macroeconômica avance,
oferecendo melhores condições para
o investimento.
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