São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br

Mortes maternas
"O Movimento de Mulheres da Paraíba parabeniza a Folha pela cobertura responsável que vem dando aos casos de mortes maternas em nosso Estado ("ONU apura sucessão de mortes maternas na Paraíba", Cotidiano, 21/ 8). Não podemos continuar silentes sobre a morte de mulheres que pagam com a sua vida a decisão de ser mãe."
Gilberta Santos Soares, coordenação executiva do grupo Cunhã - Coletivo Feminista (João Pessoa, PB)

Dólares
"Em relação à reportagem "CPI vai investigar supostas transações em dólares do PT" (Brasil, 21/8), tenho a informar que nunca houve troca de dólares para a campanha de 2002 em meu gabinete na Câmara de São Paulo. Nunca me envolvi com esse tipo de expediente. As acusações são totalmente infundadas. Aliás, em nenhum momento fiz parte da direção nacional nem da coordenação da campanha presidencial de Lula. Por isso não teria como determinar qualquer tipo de depósito na conta do PT. Sou o maior interessado na apuração de todas essas acusações, tanto que apresentei ontem requerimento para que a CPMI da Compra de Votos ouça, em sessão aberta, o depoimento de Toninho da Barcelona."
Devanir Ribeiro, deputado federal -PT-SP (Brasília, DF)

Debate
"Um reparo ao relato, de resto correto, das idéias que expus no debate promovido por esse jornal e resumido no texto "Reforma política é discutida em debate na Folha" (Brasil, 21/8). Diferentemente do publicado, não afirmei que a raiz da crise que o país atravessa está em nosso presidencialismo, que obriga os governos a fazer coalizões muito amplas para garantir maioria no Congresso. Afirmei que a crise era política -deste governo e de seu partido-, e não institucional. Argumentei que o tipo de presidencialismo brasileiro, por requerer coalizões para garantir maioria no Congresso, é um arranjo institucional complexo, que demanda competência política, capacidade de coordenação e negociação, o que falta ao governo atual e ao PT."
Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora do Departamento de Ciência Política da USP (São Paulo, SP)

Previdência
"Venho esclarecer pontos de declarações que o jornalista Mario Cesar Carvalho atribuiu a mim em sua reportagem "Banqueiro nega contato; fundos refutam pressão", Brasil, 16/8) e que destoam inteiramente de minha forma de pensar. A afirmação mais parece servir ao objetivo que o jornalista tinha ao escrever a reportagem, sem maior consideração com as reais afirmações de sua fonte. Apenas lamentei, na longa entrevista que lhe concedi, que o Senado em má hora não tivesse aprovado a criação da Previc -Superintendência Nacional de Previdência Complementar-, órgão que contaria com autonomia orçamentária para atuar e seria um organismo de Estado, e não mais de governo. Em nenhum momento concluí disso que a Secretaria da Previdência Complementar não tivesse condições para agir efetivamente na fiscalização. Tenho a mais absoluta convicção de que a SPC reúne todas as condições para bem atuar na fiscalização, o que ela tem feito. Suspeitas devem ser alvo de investigações e, se for o caso, também de punições rigorosas, mas não se deve jamais perder de vista que denegrir a imagem do conjunto de um sistema é algo que atinge não só seus dirigentes e os trabalhadores que dele participam mas também um Brasil que tem tanto a ganhar, no terreno social e econômico, com o crescimento dos fundos de pensão e da poupança que eles acumulam."
Fernando Antonio Pimentel de Melo, presidente da Abrapp - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Mario Cesar Carvalho - Não há em nenhum trecho da reportagem a atribuição ao executivo de que a Secretaria de Previdência Complementar não tem condições de fiscalizar os fundos de pensão. Apenas foi reproduzida a ressalva que ele faz da falta de um órgão independente do governo, o que ele confirma na carta.

TV Globo
"O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em entrevista à Folha no domingo passado, entre outros impropérios, disse que, para uma notícia "sair no "Jornal Nacional", tem de interessar ao PSDB e ao PFL". A declaração é constrangedora -para ele. Basta citar apenas dois casos: a cobertura que o "JN" deu à descoberta de dinheiro em espécie no escritório da senadora Roseana Sarney à época em que foi candidata do PFL à Presidência da República e o envolvimento do senador Eduardo Azeredo, presidente do PSDB, com o dinheiro de caixa dois durante a campanha dele ao governo de Minas - furo do "Globo", amplamente exibido na TV Globo (e afirmo que não houve um só caso envolvendo partidos que não tenha merecido grande atenção do jornalismo da Globo). Para Wanderley, a audiência do "Jornal Nacional" "não é algo que deva ser considerado normal em uma democracia". Ele estranha a cobertura ampla que o "JN" vem dando à crise política. É como se ele acusasse o "JN" de ser a origem da crise, e não o seu espelho. É o velho vício do veio autoritário. Há 36 anos, o "Jornal Nacional" é líder de audiência, justamente porque cobre todos os assuntos com qualidade e sem motivações políticas, o que deu ao telejornal um capital de credibilidade indiscutível. Os telespectadores sempre foram absolutamente livres para optar e, na era do controle remoto, isso é ainda mais verdadeiro. Segundo a própria Folha ressalta em suas reportagens, o Brasil tem hoje três telejornais que fazem concorrência ao "Jornal Nacional", o último dos quais tendo ido ao ar recentemente, depois de intensa campanha publicitária. Que nenhum deles supere, em horário nobre, a audiência do "Bom Dia Brasil", às 7h15, deveria levar a apenas uma conclusão: os telespectadores julgam que o jornalismo da TV Globo tem mais qualidade. Se é verdade cristalina que o povo é apto para votar em seus governantes e que vota com discernimento, o mesmo tem de ser verdade em relação às escolhas que o público faz no que diz respeito à televisão. Na mesma entrevista, Wanderley critica a posição dos intelectuais diante da crise: "A análise deles é primária, são incompetentes. A maioria dos intelectuais que se manifestaram foi de uma pobreza franciscana. Não sabem o que está acontecendo e ficam dizendo bobagens. Se você prestar atenção, os intelectuais que falam sobre política só têm opinião do senso comum". Eu não diria isso de todos os intelectuais, mas entendo as palavras de Wanderley Guilherme dos Santos como uma autocrítica."
Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo (Rio de Janeiro, RJ)


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