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CLÓVIS ROSSI
As bases, a Amazônia, a (des)União
SÃO PAULO - Pelo menos até ontem, os presidentes da Unasul
(União de Nações Sul-Americanas)
estavam desafiando velha lei não
escrita da política segundo a qual só
convém se reunir depois de tudo
acertado. Nada havia sido combinado a respeito da cúpula do grupo,
dia 27, em Bariloche.
O tema é o uso de bases na Colômbia pelos Estados Unidos. Para
EUA e Colômbia, apenas para combater terrorismo e narcotráfico
(aliás totalmente imbricados hoje
na Colômbia). Para a Venezuela de
Hugo Chávez, é parte do "cerco do
império" ao país bolivariano.
A Colômbia já anunciou que o
acordo com os Estados Unidos sairá
com ou sem manifestação da Unasul. O Brasil até aceita o acordo se
houver as tais garantias jurídicas de
que seu alcance é mesmo o que Colômbia e EUA dizem ser.
Mas o chanceler Celso Amorim
lembra que o Brasil tem um interesse próprio no caso, que não passa por tentar equilibrar-se entre
Colômbia e Venezuela para não dinamitar a recém-nascida Unasul.
O interesse chama-se Amazônia,
no raio direto de alcance do acordo
como é óbvio. "A preocupação com
o interesse externo pela Amazônia
existe em todo governo brasileiro,
de direita, de centro, de esquerda,
democrático ou ditatorial", afirma
o chanceler.
Essa preocupação já foi transmitida ao colombiano Álvaro Uribe e,
anteontem, a Barack Obama.
Aliás, o telefonema de Lula a
Obama parece uma espécie de habeas-corpus preventivo para a hipótese de a cúpula da Unasul terminar em impasse (ou coisa pior). Se
há uma chance de que Obama converse em algum momento com a
turma do sul, algum presidente
conciliador poderia propor algo assim: antes de qualquer declaração
aqui em Bariloche, vamos esperar o
que Obama tem a dizer.
Não é solução, claro, mas é uma
rima (pobre) para evitar que o "U"
de união seja desmentido.
crossi@uol.com.br
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