São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Marketing
"O que os marketeiros dos candidatos precisam entender é que o país não lhes pertence. Acabadas as eleições, não importando qual dos quatro candidatos mais fortes ganhe, a governabilidade deste país dependerá do PSDB e do PT. Ou a relação entre esses dois partidos fica preservada, ou todos nós perderemos. Basta olhar por cima dos muros internacionais e ver que os tempos difíceis estão longe de acabar. Então, por favor, vejamos as propostas para nossa sobrevivência."
José Fernando (Campinas, SP)

Experiência
"Para analisar os candidatos à Presidência, temos, além de suas propostas: de Garotinho, suas administrações em Campos e no Estado do Rio de Janeiro; de Serra, suas gestões como ministro (Planejamento e Saúde), secretário de Estado em São Paulo, deputado federal e senador; de Ciro, suas gestões na Prefeitura de Fortaleza e no Estado do Ceará. E de Lula? Um mandato inexpressivo como deputado federal, que renunciou à reeleição (certa) para ficar no doce "faz-nada" de eterno candidato. E é o primeiro nas pesquisas. Não se pode encomendar um banquete no Itamaraty para quem nunca fritou um ovo."
Carlos Antônio Anselmo Guimarães (Curitiba, PR)

Diploma
"O grande erro da campanha de Serra foi colocar em dúvida a capacidade de uma pessoa de ser competente sem ter diploma universitário. Acho que não preciso lembrar ao candidato que a grande maioria da população não tem tais diplomas e, mesmo assim, consegue sobreviver com muita coragem neste país."
Márcio Barbieri (Campinas, SP)

Cama
"Que me desculpem as mal-amadas, mas compartir uma cama não é somente importante, é bom, e o que vem depois é consequência dessa boa relação de amizade, troca, cumplicidade de objetivos e valores. Por isso, acho um exagero das mulheres tanta crítica ao candidato Ciro Gomes, principalmente quando acompanhamos a trajetória de companheirismo dele com Patrícia Pillar. O que ele fez a sua mulher foi uma grande declaração de amor. Vamos criticar a ladroagem, a corrupção e a falsidade de intenções dos candidatos que dá mais certo."
Cristina van Wanrooij (São Paulo, SP)

Telefonia
"Com a reportagem "Teles deixam de cumprir 100% das metas" (Dinheiro, pág. B1, 22/9), fica evidente a total imobilidade da agência reguladora Anatel para cumprir com suas obrigações quando o assunto é defesa dos consumidores. Quando se trata de aumentar tarifas, valendo-se de cálculos aritméticos sempre benéficos às operadoras, a agência reguladora demonstra toda sua presteza e eficiência. Contudo quanto a fazer cumprir o que estabelecem os Contratos de Concessões, demonstra a agência total descaso, para não dizer omissão."
Alexandre Othero (São Paulo, SP)

Beligerância
"Nunca na história uma nação foi tão arrogante quanto os Estados Unidos. O que estamos vendo é apenas o princípio de uma ditadura mundial. Não bastassem as armas dignas de seus mais delirantes filmes de ficção, agora descaradamente assumem o FMI e o Banco Mundial como armas contra a concorrência. É impressionante como vão na contramão da história e da evolução dos valores sociais, humanos e ecológicos, sem o mínimo respeito por qualquer opinião que divirja de seus conceitos draconianos. Que o mundo se cuide."
José Ribamar Lins Sousa Júnior (Mogi das Cruzes, SP)

"Quando já estava começando a me acostumar às arrogantes bravatas do senhor Bush, chegou a vez de o FMI mostrar sua vocação beligerante. A declaração do diretor-gerente do fundo, Horst Köhler, de que uma breve e bem-sucedida guerra dos Estados Unidos contra o Iraque pode ser benéfica, desmascara de vez esse órgão. Afinal, benéfica para quem? O FMI, que, através da imposição de sua política de redução de gastos sociais, já é indiretamente responsável pelo aumento da mortalidade nos países em desenvolvimento, agora passa a apoiar a mortandade direta, por meio de "guerras benéficas". Como pacifista de carteirinha, estou apavorado."
Luigi Petti (São Paulo, SP)

Exclusão
"Extremamente ilustrativa a pesquisa Mapa da Exclusão/Inclusão Social, realizada pela PUC/SP ("SP ganha 1,1 mi de excluídos em 9 anos", pág. C1, 22/9). Revela, com cristalina clareza, a íntima e promíscua relação entre falta de qualidade de vida e criminalidade. Será necessário outro argumento para que os adeptos do movimento da "lei e da ordem" (aqueles que privilegiam a construção de presídios no lugar de escolas e adorariam ver a polícia na rua "botando pra quebrar", literalmente) percebam o quanto estão equivocados e, pior, o quanto são responsáveis pela situação à qual chegamos?"
Mário Henrique Ditticio (São Paulo, SP)

Exploração
"Sinto vergonha e tristeza ao saber que a exploração de mão-de-obra em níveis escravagistas ainda é praticada no Estado de São Paulo, o mais rico do país. E numa fazenda de um ex-ídolo das corridas de Fórmula 1, integrante de uma elite que, além de não enxergar nada de anormal em pagar salários miseráveis, burla a lei para negar mínimos direitos, conforme mostrou reportagem Folha ("Exploração envenena colheita da laranja", Dinheiro, pág. B8, 22/9).
João Carmo Vendramim (Campinas, SP)

Plebiscito
"No plebiscito nacional sobre a Alca votaram 10,1 milhões de pessoas, o equivalente a 8,8% do eleitorado brasileiro e a 5,9% da população. Mas, quando os organizadores do plebiscito foram entregar o resultado na Câmara dos Deputados, não foram recebidos pelo presidente Aécio Neves, mas sim pelo primeiro-secretário da Câmara, Severino Cavalcanti. O presidente do Senado, senador Ramez Tebet, também não recebeu os organizadores do plebiscito. Se vem alguém do FMI para o Brasil, FHC e sua turma fazem uma festa, dão jantares, só faltam beijar seus pés. Que diferença de tratamento recebe quem fala por 10 milhões de brasileiros daqueles que vêm do exterior falar por meia dúzia de banqueiros."
Evandro Monteiro Kianek (Santo André, SP)

Holofotes
"Elias Maluco, Fernandinho Beira-Mar e tantos outros parece que deram para ocupar os espaços da programação da televisão e do rádio, de serem capas das principais revistas, de estarem na primeira página dos jornais. É inacreditável como elementos como esses ainda merecem tanta badalação por parte da mídia. Será que a mídia não tem coisa mais importante para noticiar? Não estou censurando, pelo contrário, mas acho que existem outros Elias Malucos e Fernandinhos espalhados por aí. E a mídia deveria cobrar providências das autoridades. Assim estaria prestando um ótimo serviço à sociedade."
Arlindo Ribeiro (Diadema, SP)

Inteligência
"Celso Furtado é uma das figuras mais lúcidas do pensamento econômico e social de esquerda em nosso país na segunda metade do século 20. O artigo de Bresser Pereira sobre sua mais recente obra, "Em Busca de Novo Modelo" ("Um novo modelo", Folha, pág. A3, 20/9), foi igualmente magistral. Não cabe um repúdio extemporâneo à globalização na busca de alternativas de desenvolvimento mais autárquicas e necessariamente contraproducentes em face da integração global. Cabe, sim, reforçar o Estado brasileiro, para que ele possa se integrar, de modo mais produtivo e eficaz, ao mercado internacional, de modo a trazer benefícios para a nossa economia e para o nosso povo. A crítica às nossas elites econômicas também foi precisa. Furtado é a volta da inteligência ao debate econômico e político de nosso país."
Everton Jobim (Rio de Janeiro, RJ)


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