São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Fumo
"No editorial "Corrida tabagista" (Opinião, pág. A2, 16/9), ao comparar a saúde e o dinheiro, esta Folha coloca-se em defesa da primeira. De forma crítica, aponta as "manobras casuístas" do PT que suspenderam as propagandas de cigarro, chamando-as de "atentado contra o republicanismo" e "sabotagem ao Congresso". A posição é totalmente defensável, não há como negar. O problema aparece quando, abrindo edições anteriores do jornal, deparei com um anúncio de um terço de página da Associação Nacional dos Produtores de Fumo que convocava a sociedade a fazer um lobby em defesa da produção do tabaco. Como o próprio editorial afirmou, "a propaganda de tabaco é indefensável". Será que, no jornal, assim como no governo, o setor ideológico (editorial) é independente do econômico (financeiro)? A imprensa brasileira não tem memória ou a tem apenas quando lhe convém?"
Alexandre Costa Nascimento (Curitiba, PR)

Nota da Redação - O referido anúncio não é propaganda de cigarro. Elas estão, aliás, proibidas em órgãos de imprensa. Trata-se de uma manifestação dos produtores que não visa influenciar consumidores, mas defender suas posições. A Folha não é a favor da proibição do cigarro nem do cerceamento de manifestações da indústria ou de quem quer que seja, apenas se opõe à propaganda de um produto sabidamente nocivo à saúde.

Apreensão
"Gostaria que fosse feita uma correção em relação à reportagem "Polícia faz busca na casa de ex-secretário de Palocci" (Brasil, pág. A10, 15/9), sobre operação de busca e apreensão ocorrida em minha residência no dia 13/9. Os valores em dinheiro levados foram R$ 4.350 e US$ 4.400. Tais valores encontram-se expressamente declarados na minha última declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física entregue neste ano à Receita Federal. Só foram levados documentos pessoais (não amparados no mandado), como talões de cheques em branco, documentos de veículos da família, declarações de Imposto de Renda minha e de minha esposa e contratos particulares, entre outros. Enviei em 16/9 representação ao juiz solicitando a devolução dos documentos, pois, além dos excessos praticados, o inquérito objetiva investigar licitação ocorrida em Sertãozinho em 3 de agosto de 2004. Não pertenço aos quadros da Leão & Leão desde março de 2004."
Rogério Buratti (Ribeirão Preto, SP)

Resposta do jornalista Rogério Pagnan - A informação sobre os US$ 7.000 apreendidos na casa do consultor foi passada pelos promotores do caso. Na terça-feira 21/9, eles admitiram que foi um "equívoco". Leia a seção "Erramos" abaixo.

Estradas
"Gostaria de prestar esclarecimentos em relação à reportagem "Caminhão ultrapesado é liberado em estrada" (Cotidiano, 16/9). A decisão do Contran para veículos de carga baseou-se em análise da Câmara Temática de Assuntos Veiculares e em estudos realizados pelo Grupo Técnico de Pesos, Dimensões e Combinações de Veículos, cuja missão foi elaborar proposta de nova legislação subsidiada por estudos técnicos que incorporaram a engenharia da via e de veículos. Os estudos comprovam que a combinação de veículos de carga com uma unidade tratora do tipo cavalo mecânico e dois semi-reboques articulados, de comprimento entre 17,50 m e 19,80 m, sete eixos, peso bruto total combinado (PBTC) de 57 toneladas, satisfazendo as demais exigências contidas no artigo 2º da Resolução 68, não causa dano à estrutura viária (pavimento e pontes) e à segurança do tráfego. A Resolução 68/98 continua a dispor que, "nas combinações de veículos de carga com PBTC superior a 57 t e até 74 t, a autorização especial de trânsito fornecida pelo órgão executivo rodoviário terá o percurso estabelecido". Ou seja, veículos mais pesados e mais extensos, com características que possam ocasionar impacto sobre a infra-estrutura viária ou sobre o trânsito, ainda necessitam de autorização especial para circular."
Ana Júlia Pinheiro, assessoria de imprensa do Denatran (Brasília, DF)

Unitorcida
"Absurda e deplorável a proposta feita pelo promotor de Justiça Fernando Capez para que, nos clássicos de futebol disputados nesta capital, somente seja permitida a presença da torcida de um dos clubes no estádio. Tal proposta é imitação barata do que lamentavelmente ocorreu em Buenos Aires em jogos entre Boca Juniors e River Plate. Adotar tal idéia equivale a reconhecer que a barbárie venceu a civilização e que somos um bando de selvagens que não podem conviver no mesmo espaço público. Espero que essa proposta seja rechaçada, pois constitui mais um duro golpe contra os amantes do futebol e contra aqueles que ainda acreditam na liberdade, na solidariedade e na fraternidade entre os homens."
Renato Khair (São Paulo, SP)

Ratos e gatos
"A respeito da carta do leitor Alfredo Caseiro, publicada no dia 21, sobre outdoor da campanha da AES Eletropaulo contra os fraudadores de energia, esclareço que, conforme mostra a peça publicitária, ratos são aqueles que oferecem facilidades para furtar energia elétrica. Eles são os beneficiários da indústria da fraude, especializada em vender serviços de adulteração dos medidores de consumo de energia. Os ratos se contrapõem ao "gato" citado na carta. Para a AES Eletropaulo, o "gato" é um problema social que deve ser enfrentado com apoio dos poderes públicos. O lançamento da campanha pretendeu exatamente fazer essa distinção entre gato e rato."
Maria Angela Jabur, diretora de Comunicação e Responsabilidade Social da AES Eletropaulo (São Paulo, SP)

Morador de rua
"O Instituto dos Advogados de São Paulo, nos seus 130 anos de existência, jamais faltou à defesa do direito e nunca se omitiu na luta pela justiça. Agora, estarrecidos e traumatizados, os membros do Iasp manifestam sua mais intensa indignação e preocupação com os abjetos atentados contra os moradores de rua. O Iasp, sob o impacto das notícias, exigiu das autoridades públicas a apuração rigorosa dos crimes, ressalvando sua confiança nas boas intenções e na responsabilidade dos órgãos competentes. Mas identificar e punir os autores ostensivos dos homicídios não basta. Não basta porque os atos deliberados de agressão, ainda que não ligados institucionalmente ou informalmente com outros, revelam uma unidade do mal, um substrato comum e tenebroso, que exala ódio, prepotência, sentimento de superioridade social, racial, econômica ou de qualquer outra espécie. Há indisfarçável semelhança entre a tragédia paulistana e a exclusão dos fracos, dos sem-privilégios, dos negros, das crianças e das mulheres. A justiça e o direito não compatibilizam com esse mal! O Iasp convoca as entidades interessadas e o povo em geral para que juntos iniciemos ampla reflexão sobre as causas dessa abominável matança e a indispensável aplicação de instrumentos necessários à vitalidade da democracia e, conseqüentemente, da paz, da justiça e do direito."
Tales Castelo Branco, presidente do Iasp (São Paulo, SP)


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