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POSTES PRIVADOS
Ainda que parta de princípios
corretos, a decisão do prefeito
de São Paulo, José Serra (PSDB), de
cobrar uma taxa de uso do solo dos
proprietários dos postes existentes
na capital deve ser considerada com
cuidado. Embora os valores ainda sejam objeto de estudos, o prefeito já
promulgou uma lei nesse sentido e o
imposto deverá ser cobrado a partir
de dezembro deste ano.
A criação da taxa pauta-se em motivos bastante razoáveis. Ela se fundamenta no princípio segundo o qual a
prefeitura deve cobrar pelo uso privado do espaço público. Desse ponto
de vista, a taxa nada mais é que uma
contrapartida para garantir que as
atividades dessas empresas dêem algum retorno à população.
A decisão é justa, sobretudo, no
que diz respeito à Eletropaulo, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na capital e
proprietária da esmagadora maioria
dos postes da cidade. Além de utilizar os pilares para a transmissão de
eletricidade, a empresa arrecada recursos consideráveis através deles,
alugando-os a operadoras de telefonia e TV a cabo, entre outras.
Não obstante esses aspectos positivos, as conseqüências práticas da lei
tendem a ser onerosas para o consumidor. Afinal o custo derivado da tarifa deverá ser repassado para as contas de luz, pois não estava computado entre as despesas do ramo de distribuição de energia quando da privatização do setor. Segundo a própria Eletropaulo, a despesa deverá
ser incorporada ao aumento da tarifa
de eletricidade previsto para julho de
2006. Ou seja, ao fim e ao cabo, esses
custos recairão sobre a população.
É difícil crer que um economista arguto como o prefeito não tenha previsto esse efeito. Na prática, ele equivale à instituição de uma nova taxa de
luz a ser paga pela população. É quase a quebra de uma das principais
promessas de campanha de Serra,
que garantiu que não oneraria os
paulistanos com mais tarifas.
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