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KENNETH MAXWELL
Quintal de ninguém
À medida que Dilma Rousseff se aproxima de uma vitória fácil na eleição presidencial, vale a pena considerar
brevemente o que isso significa para o futuro, especialmente para as relações entre o Brasil e os Estados Unidos.
O Brasil avançou muito, em
termos políticos e econômicos, desde as decepções recorrentes nos anos de expansão e
de contração da economia.
O crédito por essa mudança, especialmente pela continuidade essencial de uma gestão econômica sólida, deve ser
dividido entre Lula e o seu predecessor, Fernando Henrique
Cardoso, ainda que nenhum
se disponha a reconhecer a contribuição do outro.
Mas, na realidade, é aquilo
sobre o que os dois concordam, e não aquilo que os divide, que embasou a emergência do Brasil como protagonista importante no cenário internacional.
Ao contrário de Dilma Rousseff, porém, tanto Lula como
Fernando Henrique têm conexões surpreendentemente fortes com os Estados Unidos.
Lula tinha um relacionamento já antigo com o movimento sindical norte-americano, que encorajou a sua ascensão como líder sindical não comunista, enquanto Fernando
Henrique era bem conhecido
no mundo acadêmico, que
apoiou muito a retomada de suas atividades no Brasil depois do exílio.
É claro que, em suas esferas
pessoais, ambos foram artífices de seu destino, mas é
igualmente verdade que ambos se beneficiaram de conexões duradouras com grupos
de interesses dos EUA diversificados e poderosos.
O Brasil agora expandiu
suas conexões comerciais e
políticas com a Ásia, incorporou número muito maior de
seus cidadãos à classe média e
auxiliou muito os pobres por
meio de transferências condicionais de renda. Expandiu
imensamente a sua capacidade agrícola e se tornou o maior
exportador mundial de café,
açúcar, suco de laranja, tabaco, etanol, carne bovina e aves
e ocupa o segundo posto entre
os exportadores de soja e derivados.
A capacidade industrial
brasileira é impressionante, e
o mesmo se aplica ao vigor de
seu setor financeiro. Acima
de tudo, o Brasil conseguiu
resistir ao colapso financeiro mundial.
Os Estados Unidos, enquanto isso, continuam obcecados com seus traumas internos, envolvidos em duas guerras e confrontando incertezas
econômicas. A América Latina, especialmente o Brasil,
ocupa posição muita baixa em sua lista de prioridades.
Resta determinar como a possível presidente Rousseff lidará com os Estados Unidos
nos próximos anos. Mas uma coisa é certa: o relacionamento requererá esforço, e de ambas as partes.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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