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No limiar da guerra civil
O ASSASSINATO de Pierre Gemayel coloca o Líbano,
mais uma vez, no limiar
da guerra civil. Paradoxalmente,
é no verdadeiro pânico que os libaneses desenvolveram em relação à guerra civil que reside a
melhor chance de o país evitar
um conflito fratricida. Mesmo
políticos normalmente exaltados estão conclamando seus partidários a reagir com calma.
O problema do Líbano é que,
além de desdobrar-se para resolver as arestas resultantes de um
sistema político multirreligioso
que reparte o poder entre 18 seitas oficiais, o país ainda serve de
palco secundário para vários
conflitos no Oriente Médio.
Também alimentam a crise libanesa o conflito israelo-palestino, a conflagração no Iraque e a
própria geopolítica regional, que
opõe Washington e seus aliados
ao eixo Damasco-Teerã.
Pierre Gemayel, cristão maronita e ministro da Indústria do
governo de Fouad Siniora, foi
morto por conta de suas posições
anti-sírias. Apesar de ter retirado suas tropas do Líbano, Damasco ainda influi no país vizinho, através da milícia extremista Hizbollah, que também patrocina atentados terroristas.
O fracasso da política norte-americana para o Oriente Médio
completa o quadro. Irã e Síria ficaram mais fortes e, após a derrota republicana no pleito legislativo dos EUA, o presidente
Bush está sendo compelido a estabelecer algum tipo de diálogo
com a ditadura síria. É plausível
especular que, em troca do fim
do apoio sírio à insurgência iraquiana, a Síria exija que os EUA
abandonem o governo Siniora.
Os neoconservadores americanos fracassaram no plano de levar a democracia ao Oriente Médio. Com a vertente ideológica
em xeque, espera-se que a política externa de Washington reencontre logo sua melhor tradição,
realista e pragmática. É um passo necessário para tentar evitar a
eclosão da guerra civil no Líbano.
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